O Brasil vai completar 500 anos. “Temos algo a comemorar?” – perguntam
os céticos, niilistas, pessimistas. Se a gente focalizar por esse
lado o aniversariante, 22 de abril, deveria cair na Sexta-Feira da Paixão:
ritmo de velório, choro o dia inteiro, crucificação.
Como não tenho medo de ser feliz, não caio na prostração.
Se cada pessoa for esperar que a vida fique cor-de-rosa para comemorar
alguma coisa, voltaríamos à Idade Média para dizer
que este mundo é um vale de lágrimas.
Uma pessoa pessimista não acredita em nada, nem nela mesma.
Os revolu-cionários são otimistas, acreditam na história,
têm certeza de dias melhores. E como o mundo melhorou!!!
Também não podemos cair no ufanismo, naquele nacionalismo
ingênuo. “Este é o país melhor do mundo, não
há terremotos nem vulcão, a natureza é bela. Deus
é brasileiro.” Parece discurso lido por aluno, preparado por sua
professora, nas antigas comemorações do dia 31 de março.
O problema maior é que o país é dividido entre
www.com.br (donos do Brasil) e www.sem.br (inquilinos do Brasil). Há
uma minoria com terra, e a grande maioria sem terra; gente com casa sobrando
e uma multidão sem casa; pessoas em banquetes, milhões com
fome. Em síntese: incluídos e excluídos. Para ver
tal realidade, não precisa ser do MST, basta não ser ce-go.
Como solucionar o problema? Aí aparecem as diferenças
ideológicas. Alguns querem distribuir cestas básicas, outros
acreditam na Educação.
Que tal comemorar os 500 anos com festa e reflexão! Índios
e negros foram sacrificados, houve um genocídio. Dá para
retornar-lhes a vida? Não. Então, corrige-se a rota, não
cometamos os mesmos erros. Isso se faz com ci-dadania e participação.
Façamos dos 500 anos um momento de revisão, de libertação:
uma Páscoa.