O BRAZIL COM CUSTO BRASIL

      Ó brasileiros ilustres, unamo-nos, pois os “não tão ilustres” assim já o fizeram.

      Outro dia, lembro-me bem, não faz muito tempo, um juiz ladrão ajudou – junto com outro senador de imagem não ilibada – a desviar para paraísos fiscais e bolsos desonestos a quantia de R$ 170 milhões de reais.

      Meu Deus! Que escândalo! Todos disseram.

      Como conseqüência o juiz foi preso – ainda está – e o senador teve seu mandato cassado. Parecia até que o país estava entrando nos eixos e os corruptos finalmente iriam ver o “sol nascer quadrado”. Apesar do ex-senador zombar da paciência alheia ao sair da cadeia em automóvel de luxo com nome de mulher: A sensual Mercedes.

      Ora, como somos quadrados!

      Não é novidade para ninguém que a Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia ou SUDAM para os íntimos é um excelente negócio – há muito tempo – usado para desviar dinheiro público para bolsos alheios e rechear de dólares as contas abertas nos tais paraísos fiscais.

      Como também não é novidade para ninguém que a Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste ou SUDENE também para os mesmos íntimos percorre o mesmo caminho, só que para satisfazer os bolsos de outros coronéis.

      O que nos choca, não se assustem quando for aberta – se um dia realmente for – a caixa preta da SUDENE é que o valor dos desvios dos dois órgãos ultrapasse a R$ 4 bilhões de reais, ou para ficar mais em moda, US$ 2 bilhões de dólares.

      Os desvios da SUDAM já passam de R$ 2 bilhões de reais e o mais grave é que comprovadamente há envolvimentos de coronéis com cargos públicos na alta esfera da República e o mais grave ainda, com suposto envolvimento do presidente do Senado, cujo favorecimento do Presidente da República para derrotar seu desafeto direto teve ajuda política das mais claras.

      O nosso ordenamento jurídico quer seja civil ou criminal, não dispõe de mecanismos rápidos e eficientes para fazer com que os criminosos de colarinhos brancos efetivamente sejam e continuem presos e seus bens bloqueados à disposição da justiça com o retorno dos mesmos ao erário público, de onde nunca deveriam ter sido subtraídos.

      Infelizmente todos os bandidos – homens não tão ilustres e que ocuparam cargos e postos importantes na República ou no meio empresariado brasileiro – e que por motivo ou outro acabaram mostrando suas verdadeiras faces de marginais da pior espécie, jamais cumpriram qualquer pena reparadora de suas condutas ou tiveram seus bens retornados ao citado erário público, com uma ou outra exceção em 500 anos de história do Brasil.

        Enquanto o povo brasileiro assiste estupefato os sucessivos escândalos se repetirem no Senado da República, com envolvimento de mais e mais senadores em desvios de verbas e manipulação de votos, cada vez mais nós – homens ilustres – nos deparamos com o seguinte dilema: como teremos leis mais justas para prender bandidos e recuperar dinheiro público se quem faz leis são exatamente esses homens não tão ilustres?

      Enquanto o país discute a necessidade de modificação de seu sistema tributário, político, administrativo etc, os homens que deveriam estar voltados para tais questões se defendem originalmente: “nada tenho com isso, as provas que apresentarei vão demonstrar minha inocência”.

      Daqui a pouco, não se assustem brasileiros humildes, iremos todos nós para a cadeia por ofendermos a dignidade e honestidade de homens tão ilustres, que oferecem suas vidas em prol do povo brasileiro.

        E lá fora em terras canadenses, o Brazil com todo esse custo Brasil, se não tomar cuidado acabará fazendo parte da ALCA (o Acordo de Livre Comércio das Américas) e vai ter de competir com paises produtores altamente industrializados e que subsidiam seus produtos de bens industriais e agrícolas, em detrimento dos nossos produtores brasileiros que morrem em cada esquina para pagar a conta que brasileiros não tão ilustres nos apresentam todos os dias.

        Quer saber como modificar tudo isso? É só cobrar, denunciar, exigir punição e apresentar alternativas, já que se nós brasileiros ilustres nos unirmos, certamente os não tão ilustres irão para onde sempre deveriam estar: vendo o sol nascer quadrado.

Douglas Mondo