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A UMA ÁRVORE

De pé fitando o céu altiva e sobranceira
Em meio ao descampado ela se ostenta ufana,
Tendo os pés sobre a verde, aveludada esteira,
Ereta sempre a vi, formosa e soberana.

Ninguém a conheceu na quadra alvissareira
Da infância, em que o prazer parece que dimana
Da criança, da flor, da planta feiticeiraa,
Do volátil cantor, da onda que espadana.

Saúda alegre o sol mal lhe descobre o encanto
E abre os braços febris aos temporais que enlaçam
Seu tronco secular, da natureza espanto!

Por sobre a copa sua as estações esvoaçam
E o Tempo que a embalou nas dobras do seu manto
Oculta o seu natal às gerações que passam.

Julieta de Melo Monteiro

Do livro: "Vozes femininas da poesia brasileira", org. Domingos Carvalho da Silva, Cons. Est. de Cult., 1959, SP