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A ALMA VERDE

Às vezes, alta noite, à boca da floresta
Cheia de uivos de amor e de berros ferozes,
Como a voz do oceano aterradora e mesta,
Levanta-se uma voz feita de cem mil vozes;

E essa voz que amedronta o coração mais forte
E como harpas de ouro ao mesmo tempo enleva,
De galho em galho vai, como um grito de morte,
Espalhando o terror atávico da Terra!...

Desembesta o tapir que o pânico escorraça;
Enrosca-se a jibóia, o jaguar sente medo,
Na escuridão da loca o Índio acuado espia...

Tudo se encolhe, treme, espera, silencia,
 Da pluma dos bambus à aresta do rochedo...
É a alma da floresta — a Alma Verde que passa!

                                            Pethion de Villar (Egas Moniz Barreto de Aragão)