A
Florbela Espanca
 

Conheço a casa
onde o acordar é infeliz

Na mesma rua, outras cintilam
no matriz em que os sonhos aterrisam

Um pássaro cuja plumagem é um pincel
voando torto despinta o céu

A casa que eu conheço
chove por dentro

enquanto a alma
de quem lá mora

trinca no centro.

 
A
Jorge de Lima

Nem verde nem azul
o mar é dúvida
ao corpo labiríntico da areia.

Atravessando a liquidez
o tempo é luz
(ou sombra)
infiltrando-se na veia.

                                     Lenilde Freitas