"Não cantei cotidianos. Só te cantei a ti
Pássaro-Poesia
E a paisagem limite: o fosso, o extremo
A convulsão do Homem.

Carrega-me contigo.
No Amanhã".
                   
                                    Hilda Hilst, in Amavisse I


AMAVOAR

Cotovias revoando para o sul,
rouxinóis dirgirindo para o norte...
andorinhas cruzando o céu azul,
urubus, em bando, caçando a sorte...

Era a decolagem Pássaro-Hilst,
que numa viagem longa embarcava...
Era o  vôo da Borboleta-Hilda,
que rompia da crisálida e se libertava...

Colibris, pousados, formando o manto,
perdizes, em coro, piando o pranto,
canários, para a missa, emprestando o canto.

Poetas-orfãos de asas cortadas,
fazendo versos para a amiga alada.

Leva contigo, Pássaro-Poesia, aquela que te inventou,
mas conosco deixa o vôo que ela plantou.
 
                                                                                                Urhacy Faustino

Ajuda-me a voar em tua
asa, Pássaro-Poesia
Quero ficar cada vez mais
leve e sem carga de atrapalhar
Torna-me uma vez mais
pássaro de outros ares
Quero ser menos humano
- mais com o jeito das aves

                                                                    Fernando Tanajura Menezes