A Revista Brasileira, publicação trimestral da
Academia Brasileira de Letras, sob a direção de
João Scantimburgo, já em seu 38º volume, abre
sua edição com um longo e documentado artigo do
acadêmico Alberto Venancio Filho sobre Lúcio de Mendonça
e a fundação da Academia. Alberto explica que não
foi Machado de Assis o fundador da instituição,
como sempre se pensou. A Academia é denominada Casa de
Machado de Assis, por ter sido ele o mais prestigiado autor de
seu tempo, que foi elevado à altura de patrono da nova
entidade. Mas, esse fato não desmerece o esforço
despendido por Lúcio de Mendonça, que teve a idéia
de instalar no Brasil uma Academia tomando a francesa como modelo.
Em seguida, a revista apresenta uma série de alta expressão
de artigos, perenes escritos por: Arnaldo Niskier, Vera Lúcia
de Oliveira, Vamireh Chacon, José Arthur Rios, Antônio
Carlos Secchin e outros.
A fim de trazer e fixar à lembrança dos leitores,
a Revista selecionou poemas de alguns dos grandes poetas modernos
já mortos. Lembrando Mário de Andrade em “Noturno
de Belo Horizonte”, Guilherme de Almeida, em versos admiráveis
de Toda a poesia, Cassiano Ricardo, de Martin Cererê, o
Menotti Del Picchia, de Juca Mulato e o Manuel Bandeira que nos
convida à Pasárgada.
Por fim nos Guardados de Memória, a Revista selecionou
a bela e concisa crônica de Machado de Assis sobre o falecimento
de Eça de Queirós. Também nos Guardados da
Memória, João de Scatimburgo escreve sobre dois
exemplos de pobreza digna, um dado por Hermes da Fonseca, que
foi presidente da República, e outro de Olavo Bilac.
ENSAIOS
Lúcio de Mendonça e a Fundação da
Academia Brasileira de Letras - ALBERTO VENANCIO FILHO (página
09)
Em seu artigo Lúcio Mendonça e a fundação
da Academia Brasileira de Letras, Alberto Venancio Filho tenta
reparar uma injustiça cometida durante mais de um século,
que coloca Machado de Assis como sendo o fundador da Academia
Brasileira de Letras. Alberto atesta - através de pesquisa
nos arquivos da Casa, depoimentos dos contemporâneos, do
livro de Fernando Neves, e dos estudos de Josué Montello-
que o verdadeiro fundador da Academia foi Lúcio de Mendonça
e que Machado de Assis foi apenas o patrono da instituição,
por ser o mais conhecido e respeitado escritor de seu tempo.
Aspectos legais da educação à distância
no Brasil - ARNALDO NISKIER (página 29)
O artigo é resultado de uma palestra feita por Arnaldo
Neskier no Seminário “Educação à
Distância: Há limites?”, na ABE, no auditório
do IBAM, em junho de 2003. Arnaldo fala dos primórdios
da educação à distância, quando ainda
era chamada de ‘curso por correspondência’,
até os dias atuais com o advento da Internet, passando
pela implantação da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação, que em meados dos anos 90 tornou a Educação
à Distância reconhecida oficialmente. Por fim ele
destaca os resultados surpreendentes como uma excelente alternativa
para a democratização do acesso ao ensino superior,
mas ressalta que os resultados ainda não são satisfatórios,
levando em conta as imensas necessidades pedagógicas do
Brasil.
A instituição - JOÃO DE SCANTIMBURGO (página
33)
Em seu artigo, A instituição, o jornalista e ensaísta
João Scantimburgo fala dos surgimentos das sociedades,
a sua complexidade e as crises que as circundam, desde sua formação
mais singela, a família, até as crises que rondam
as grandes nações.
Para o autor “somente uma sociedade constituída e
institucionalizada forma um Estado, numa sociedade organizada”.
Scantimburgo aponta como raiz da crise da América Latina,
sobretudo do Brasil, a importação do modelo político
americano, sem levar em conta a peculiaridade de nossos povos.
Para ele, a institucionalização da nossa democracia
só será viável quando a legitimidade social
coincidir com a legitimidade política. Por enquanto, o
Brasil continua herdeiro de uma herança Sebastiana, originária
de Portugal, na esperança da chegada de um ‘salvador’,
que nos trará melhores condições de vida.
A retórica da sedução em “Missa do
galo” - MASSAUD MOISÉS (página 51)
Em A retórica da sedução em Missa do galo
, o crítico literário Massuad Moisés fala
da estratégia da sedução, como sendo a estratégia
do duplo engano: “o do sedutor, que se engana para exercer
o seu desígnio, e o do seduzido, que se deixa apanhar no
desejo oculto das aparências”. Fala das diversas situações
em que a arte da sedução é imposta, na conversa
cordial entre amigos, nas amenidades trocadas no chá das
cinco, até o discurso no palanque. Na literatura, Massuad
demonstra a força com que ela aparece na obra de Machado
de Assis, sobretudo no conto “Missa do Galo”, um flagrante
retrato da sedução exposto no diálogo de
uma balzaquiana típica (de 30 anos) e um adolescente de
17 anos, nos minutos que antecedem a ida deste para missa do galo.
Celso Furtado: formação e ação - VAMIREH
CHACON (página 85)
Algumas considerações sobre a poesia italiana contemporânea
- VERA LÚCIA DE OLIVEIRA. (página 101)
Viagem alma adentro - PER JOHNS (página 133)
Carlyle e o Brasil - JOSÉ ARTHUR RIOS (página 159)
Mário Pederneiras: às margens plácidas da
modernidade - ANTONIO CARLOS SECCHIN (página 169)
A espuma do fogo: ancestralidade e vida - LUIZ ANTONIO DE ASSIS
BRASIL (página185)
A aprendizagem da visão - ANA MARQUES GASTÃO (página
189)
Poesia e distância - LUÍS AUGUSTO FISCHER.(página
197)
A idade da noite, A idade da aurora - ANTONIO CARLOS SECCHIN
(página 199)
POESIA
O indiferente GUILHERME DE ALMEIDA (página 203)
Noturno de Belo Horizonte MÁRIO DE ANDRADE (página
205)
Germinal MENOTTI DEL PICCHIA (página 221)
A noite verde CASSIANO RICARDO (página 227)
Vou-me embora pra Pasárgada MANUEL BANDEIRA (página
231)
As noites e Saudade - ALFRED DEMUSSET (página 233 e 291)
GUARDADOS DA MEMÓRIA
A morte de Eça de Queirós - MACHADO DE ASSIS (página
307)
Pobreza digna - JOÃO DE SCANTIMBURGO.( página 309)