LITANIA Nº 3

Há uma noite
incidente
aqui na janela
com seu pincel
de estrelas. A mesma
das ruas
e dos delinquentes.

Dela se adonam as flores
e os assassinos
para vestir
sua túnica ancestral.

Não posso bebê-la
ou amarrá-la como a um
cão, nem sequer renegar
seus arcanos, mas
posso escandi-la
em minhas geografias.

Quisera olvidar
o teu nome, ó irmã
do inumerável!
porque frio é o chão
do teu silêncio
e deserta a estrada o medo.

Mas habitas meus rastros
– feroz e sorrateira! –
sob a métrica do tempo provisório.

                              Salgado Maranhão