Coluna de Rogel Samuel 
Rogel Samuel é Doutor em Letras e Professor aposentado da Pós-Graduação da UFRJ. poeta, romancista, cronista, webjornalista.
Site pessoal: http://literaturarogelsamuel.blogspot.com/

Nº 213 - 1ª quinzena de abril de 2012
(atualização quinzenal, dias 10 e 25)

O TAO

Tenho postado no meu blog as estrofes do Tao te Ching, de Lao TSE, na Tradução do Mestre Wu Jyn Cherng.

Fui aluno do mestre Wu, há muitos anos.

Ele ensinava Shieng Yii, uma espécie de luta, uma espécie de Kung Fu, na Sociedade Chinesa, que havia na esquina da rua Assembléia, no primeiro andar. E também me tratei com ele, na acumputura.

Ele já estava bem velho, mais de oitenta, creio.

Desde cedo sou admirador desse livro de Lao Tse.

E sigo seus ensinamentos.

Embora budista, sou taoista.

Que significa seguir o Tao?

Seguir o Tao significa não seguir nada, não ter caminho nem meta.

O caminho do Tao é o sem caminho.

A meta do Tao é a não finalidade.

O Tao é assim o vazio, o amplo, o nada.

Nem se pode falar o que é o Tao, pois no que se fala já não é.

O Tao Te Ching dizem que foi escrito aproximadamente há 2500 anos por um  filósofo chinês chamado Lao Tse.

Sua imagem mais conhecida o representa sobre um boi no processo de domesticação deste animal que é associado ao caminho da iluminação nas tradições do zen.

A influência deste livro é tão grande que se tornou um dos livros mais traduzidos em todo o mundo.

Alguns consideram Lao Tse um personagem mítico, no limiar das lendas.

Uma dessas lendas conta que ele nasceu com a aparência de um velho, por isto teria recebido este nome ("Lao Zi" ou "velho mestre").

Muitos consideram que esta lenda pode ser interpretada como uma metáfora sobre a antiguidade do taoismo, fundamentado em conceitos filosóficos tradicionais anteriores à própria redação do Tao Te Ching.

Alguns estudiosos chegam a duvidar de sua existência como indivíduo, considerando sua obra um agregado de contribuições de antigos mestres.

Aos 80 anos, desiludido com sua terra, ele se dirigiu para o Tibet.

Na fronteira foi reconhecido por um guarda, que lhe disse que possivelmente todos os seus ensinamentos logo cairiam no esquecimento se alguma coisa não ficasse escrita.

O guarda só permitiu que ele deixasse a China após escrever seu livro com os ensinamentos básicos, para que pelo menos parte de seu conhecimento pudesse ser preservada para a posteridade.

Atendendo ao pedido do guarda, de uma só vez Lao Tsé redigiu a coletânea das 81 estrofes que se tornariam a síntese de sua filosofia e que entrou para a história sob o nome de Tao Te Ching.”

Diz a primeira estrofe:

“O caminho que pode ser expresso não é o Caminho constante
O nome que pode ser enunciado não é o Nome constante
Sem-Nome é o princípio do céu e da terra
Com-Nome é a mãe de dez mil coisas
Assim, a constante não-aspiração  é contemplar as Maravilhas
E a constante aspiração  é contemplar o Orifício
Ambos são distintos em seus nomes mas têm a mesma origem
O comum entre os dois se chama Mistério
O Mistério dos Mistérios é o Portal para todas as Maravilhas.”

Maravilhosos versos sem explicação, ou o sem-nome.

Se se der um nome ele passa a ser a fonte de todos os problemas, doenças, ódio, inveja, raiva, pânico: as “dez mil coisas”.

Sem nome ele é o princípio do céu e da terra, do paraíso e de tudo, das maravilhas, do mistério, do portal de todas as belezas.

O comum entre o paraíso e o inferno se chama Mistério.

Isso!

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