Coluna de Rogel Samuel
Rogel Samuel é Doutor em
Letras e Professor aposentado da Pós-Graduação da UFRJ. poeta, romancista,
cronista, webjornalista.
Site pessoal:
http://literaturarogelsamuel.blogspot.com/
Nº 234 - 2ª quinzena de março de 2013
(atualização quinzenal, dias 10 e 25)
O CAMINHO QUE NÃO PODE SER EXPRESSO
O TAO TE KING diz assim:
“O caminho que pode ser expresso não é o Caminho constante
O nome que pode ser enunciado não é o Nome constante
Sem-Nome é o princípio do céu e da terra
Com-Nome é a mãe de dez mil coisas
Assim, a constante não-aspiração é contemplar as Maravilhas
E a constante aspiração é contemplar o Orifício
Ambos são distintos em seus nomes mas têm a mesma origem
O comum entre os dois se chama Mistério
O Mistério dos Mistérios é o Portal para todas as Maravilhas”
É a tradução do Mestre Wu, do Mestre Wu Jyn Cherng, que foi meu professor de Chien Yi, uma espécie de luta chinesa.
Há outras traduções.
Mas aí está: o que pode ser traduzido não é o mesmo, já não diz o mesmo, o não-dito.
E a tradução deixa o miolo para trás.
Porque Lao Tsé falava de um caminho de liberdade e da liberdade do caminho.
E todos nós só conhecemos o caminho da busca.
Quem está buscando procura algo de que necessita. Não é livre, depende de “algo”.
E esse “algo” é certamente uma ilusão, um fantasma, uma alucinação.
De nada precisamos nós, do ponto de vista espiritual. Podemos estar em paz.
“O caminho que pode ser expresso não é o Caminho constante” significa, talvez, que tudo muda, e o próprio caminho também muda.
Porque todo caminho é a morte. A morte é o objetivo do caminhar, o fim do caminho.
O objetivo do caminho não é a morte, mas o próprio caminhar.
Quem busca nada encontra.
Um dia um Mestre Zen recebeu um discípulo que lhe perguntou:
– Mestre, como atinjo a Libertação?
– Quem te prende? – respondeu o Mestre.
“O caminho que pode ser expresso não é o Caminho constante” – é como:
“O nome que pode ser enunciado não é o Nome constante
Sem-Nome é o princípio do céu e da terra”.
Se vamos por uma estrada e vemos uma flor, uma bela flor, e se logo pensarmos: “uma flor” – logo não, nada vemos, matamos o ver.
Se virmos uma flor e não a etiquetamos com um nome, então há uma explosão de beleza sem nome. É um espetáculo raro.
Se nossos pensamentos nos deixarem ver.
O mundo, com toda a sua glória, está mascarado de nossos pensamentos.
Tudo alumia quando os pensamentos param.
Mas eu estou rodopiando em frases sem sentido, falo apenas do que falo, sem nada saber.
________
Arquivo de crônicas anteriores:
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48 , 49, 50, 50ext, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74 , 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 101, 102, 103, 104, 105, 106, 107, 108, 109, 110, 111, 112, 113, 114 , 115 , 116, 117, 118, 119, 120, 121, 122, 123, 124, 125, 126, 127, 128, 129, 130, 131, 132, 133, 134 , 135, 136, 137, 138, 139, 140, 141, 142, 143, 144 , 145, 146, 147, 148, 149, 150 , 151, 152 , 153, 154, 155, 156, 157, 158, 159, 160, 161, 162 , 163, 164, 165, 166, 167, 168, 169, 170, 171, 172, 173, 174 , 175, 176, 177, 178, 179, 180, 181, 182, 183, 184, 185, 186, 187, 188, 189, 190, 191, 192, 193, 194, 195, 196, 197, 198, 199, 200, 201, 202, 203, 204, 205, 206, 207, 208, 209, 210, 211, 212, 213, 214, 215, 216, 217, 218, 219, 220, 221, 222, 223, 224, 225, 226, 227, , 229, 230, 231, 232, 233
Conheça o "NOVO MANUAL DE TEORIA LITERÁRIA" (6ª ed., Editora Vozes) e "O AMANTE DAS AMAZONAS", 2ª EDIÇÃO, EDITORA ITATIAIA: este romance, baseado em fatos reais, históricos, conta a saga do ciclo da borracha, do apogeu e decadência do vasto império amazônico na maior floresta do mundo. Cerca de cem volumes da época foram lidos e mais de dez anos de trabalho necessários para escrever esta obra. CLIQUE AQUI PARA LER ONDE VOCÊ PODE ENCONTRAR O ROMANCE DE ROGEL SAMUEL.