Coluna de Rogel Samuel 
Rogel Samuel é Doutor em Letras e Professor aposentado da Pós-Graduação da UFRJ. poeta, romancista, cronista, webjornalista.
Site pessoal: http://literaturarogelsamuel.blogspot.com/

Nº 247 - 1ª quinzena de outubro de 2013
(atualização quinzenal, dias 10 e 25)

AS MÃOS DE EURÍDICE

Depois de muitos anos, 40 ou 50, volto a ouvir “As mãos de Eurídice”, na interpretação eletrizante de Rodolfo Maia.

É aquela peça teatral do ucraniano Pedro Bloch que é considerado o primeiro monólogo interpretado no Brasil.

Sua estréia aconteceu no dia 13 de maio de 1950, no Rio de Janeiro, com o ator Rodolfo Mayer .

Teve sucesso imediato.

Logo passou a ser apresentada pelos teatros do Brasil e do mundo, contando com cerca de 800 mil apresentações mundiais.

Teve até temporada na Broadway, no Booth Theatre, em 1952, e foi representado mais de três mil vezes por Rodolfo Mayer.

O ator espanhol Enrique Guitart a encenou por cerca de três mil vezes.

No Reino Unido foi produzida por Sean Connery .

Depois de tantos e tantos anos, eu me lembrava de cada palavra desse monólogo na interpretação de Rodolfo Mayer.

Mas me custou muito o reaver o disco.

Primeiro, encontrei na Internet um desconhecido que me vendeu caríssimo o LP duplo de 10 polegadas .

Tive de esperar.

Depois, ao receber os discos, percebi que estavam em péssimos estados, sujos e arranhados, e sem as capas protetoras de plástico.

A seguir, eu vi que tinha perdido o número do telefone daquele amigo que fazia a recuperação e transposição para CD dos discos mais velhos, pois não tenho mais toca-disco.

Tive de procurar, com uma amiga comum.

Depois disso, eu telefonava, telefonava, ninguém atendia.

Fui à casa dele.

E lá, na portaria me disseram que estava viajando, por um mês.

Tive de esperar.

Depois que o técnico chegou me disse que estava terrivelmente gripado e não podia fazer agora.

Esperei mais.

Finalmente o CD (deu tudo num único CD) ficou pronto, eu já o ouvi deliciado e posso dizer agora como o personagem Gumercindo diz no fim da peça:

- Dulce, eu voltei.

Não é datada, a peça, nem perdeu a sua força, apesar de não mais existir o jogo arruinando famílias e fortunas.

Não, nunca assisti ao vivo Rodolfo Mayer representar o texto. Conheci-o em novelas e filmes, como o excelente “Viagem aos seios de Duília”, cuja cópia arruinada se pode assistir na Internet.

“As mãos de Eurídice” se representou em 168 cidades brasileiras e 30 em portuguesas.

Foi traduzida para 14 línguas inclusive árabe.

O ator espanhol Guitart dedicou-se a ela a vida toda, nunca mais representando outro texto. Fez mais de 2 mil vezes.

Quando reentrou na minha casa, foi como reencontrar um velho fã:

Sim, “Dulce, eu voltei!”

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