Coluna de Rogel Samuel
Rogel Samuel é Doutor em
Letras e Professor aposentado da Pós-Graduação da UFRJ. poeta, romancista,
cronista, webjornalista.
Blog pessoal:
http://literaturarogelsamuel.blogspot.com/
Nº 254 - 1ª quinzena de abril de 2014
(atualização quinzenal, dias 10 e 25)
COISA DE CRÔNICA
Interrompo a publicação de “A pantera” para voltar à crônica. Sou viciado em escrever crônicas. Desde menino, pois comecei com 16 anos nos jornais de Manaus. Não gosto de lê-las, mas de escrevê-las.
Mas os cronistas já ninguém os lê. Mesmo o grande Braga, nenhuma livraria exibe seu livro. O mestre Humberto de Campos, onde está?
Será um gênero em extinção?
Mas gosto de escrevê-las, já tive uma coluna diária de crônica num jornal. Chamava-se “A gazeta”, de Manaus. Escrever, melhor que ler.
Por que escrever?
Lembro-me das respostas do passado: ânsia de imortalidade (na Internet?), emoções recordadas com facilidade, esquizofrenia, solidão, mania de confessionário, desejo de...
Enfim, por que escrever?
Acho que o escritor é aquele que só se comunica bem por escrito...
Mas grandes escritores também foram grandes conversadores.
Cito um, o mais famoso: Jorge Amado.
Conheci-o na Academia, onde eu tinha ido para oferecer para Austregésilo de Athayde um exemplar da revista que eu dirigia na época chamada “AIÓ”. A revista publicava uma crônica sua, que ele autorizara.
Lá na Academia, encontrei Jorge Amado.
Sentamos na mesma poltrona e conversamos como se fôssemos grandes amigos.
Bons tempos, os tempos de Jorge Amado.
Ele escrevia um romance a cada 2 ou 3 anos. Trabalhador braçal, incansável. O maior romancista do Brasil, depois de Machado.
Um dia eu estava num restaurante em Paris quando o garçom me disse: “aqui jantaram, naquela mesa, dois brasileiros ilustres: O senhor Amadô e o presidente do Brasil (Sarney)”.
Crônicas: gosto de lê-las, e muito mais de escrevê-las.
Mas cada vez mais elas desaparecem dos jornais.
Difícil é escrever um romance. Que ninguém sabe se se vai publicar. Escrever um romance é atividade solitária. A crônica não. Um palmo de prosa, que aponta pro leitor. É quase uma conversa.
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Arquivo de crônicas anteriores:
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