Coluna de 6/4
(próxima coluna 16/4)

Meus amigos, Mis Hermanos

Nascemos sós. E assim morreremos.
Como sozinhos fazemos a jornada de nossa existência.
Ninguém pode viver por nós nossa própria vida. É certo.
O que podemos é decidir como empreender essa caminhada.
Sós, imersos em nós mesmos, alheios e indiferentes a tudo e todos.
Ou escolher a solidão acompanhada.

Optar por partilhar com outros as belezas e agruras dessa viagem,
sobre a qual conhecemos apenas o ponto de partida.
Ter com quem somar forças, para superar obstáculos.
Ter com quem repartir horizontes: luzes da alvorada, nuances do acaso.
Ter com quem admirar as hipnóticas labaredas do fogo,
que aquecem os corpos e iluminam o negrume das noites.
Ter com quem dormir e sonhar, embalados pelos sons noturnos,
sob o cintilar da lua e das estrelas suspensas no firmamento.
Ter com quem nos proteger das intempéries
e nos resguardar das forças dos elementos.

Solidão acompanhada é ganhar Irmãos em cada
pouso dessa - ora árdua, ora suave - jornada.
Irmãos que nos abrem suas portas e,
em suas casas, nos ofertam pousada.
Doam-nos seu pão. Presenteiam-nos com sua generosidade.
Abençoam-nos com sua bondade. Conquistam-nos com seu amor.
Ao partirmos, já não somos os mesmos. Jamais seremos.
Com eles deixamos parte de nossa alma.
Deles levamos parte de seus corações.

E assim será por toda a caminhada.
Pois que a solidão acompanhada é isso.
Uma sucessão de doações mútuas.
Enriquecemos em sabedoria ao ofertarmos generosidade.
Multiplicamos sentimentos ao dividirmos emoções.
Somamos virtudes ao subtrairmos egoísmos.
É celebrarmos a VIDA na comunhão com o outro.
Sós e acompanhados. Juntos e livres.

A essa LIBERDADE partilhada chamo de AMIZADE.
Para os que acompanho em suas caminhadas, sou PARCEIRA.
Para os que comigo aventuram-se em minha jornada, sou COMPANHEIRA.
De ambos, sou AMIGA. De ambos, sou IRMÃ.
A ambos chamo de AMIGOS. A ambos chamo de IRMÃOS.