Coluna de 26/6
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Amor,  linha por linha

(25/06/05 - 2h30m)     

Amemos. Muito. Sempre. Livremente. 
Com alegria calma. Sem euforia, sem lágrimas.
Se lágrimas houver, que sejam de gozo e felicidade.
Tão bom levitar palmo acima do chão.
Flutuar aparentemente sem rumo, mas sabendo onde se quer chegar.
Sorrir com os olhos para o mundo.
Distribuir afagos entre os Humanos.
Cobrir a Criação de silenciosos beijos.
Ter o coração em permanente festa.
E a  alma pura, leve, perdida em devaneios.
Não. Amor não combina com tristeza.
Deixemos a tristeza amorosa para os Poetas.
Eles sim, sabem transformar em beleza o amor que se entristece.
Amemos simplesmente. Sem expectativas.
Amemos apenas por amar o outro.
E por amar estar amando o outro.
Que importa se o outro nos ama ou não?
Ser correspondido é alcançar o Nirvana em vida.
Isso é para poucos. Para os agraciados pelo destino.
Se amamos, isso basta ao coração.
Amar é independer do outro. E, por isso, poder amá-lo plenamente.
Nada de lamentos. Nada de prantos. Nada de autopiedade.
Amor e dor rimam. Mas não combinam.
O Amor que traz em si sofrimento, não é amor.
É neurose, carência, obsessão, dependência, vício.
Conspurcá-lo com dor ou melancolia? Por quê?
Amemos como quem passeia de bem com a vida.
Sem preocupações. Sem idolatria. Sem egoísmos.
Como o amanhecer, quando o breo noturno dá lugar à luminosidade do dia.
Como o entardecer, quando a luz ofuscante do sol cede ao brilho pálido de estrelas.
Amemos com a seriedade — sem a sisudez, só alegria — das crianças que brincam.
Amemos com o contentamento do menino, que vê seu balão voar rumo às nuvens — livre, ao sabor do vento.
Amemos com a felicidade incontida da criança, que recebe de presente seu tão desejado brinquedo.
Amemos. Pura e simplesmente, amemos!