O ANJO-POETA E A BORBOLETA
 

                    Aos dois poetas queridos que nos deixaram em 2003: Guido Piva e Yêda Schmaltz
 

– Bom dia, Anjo-Poeta! Nós estávamos aguardando sua chegada a estas nuvens! – disse a Borboleta.

– Bom dia, dona Borboleta. Onde estou? E por quê essas letrinhas rendadas em suas asas?

– Ah, menino poeta, é porque meu nome é BorboLetra. Eu adorava brincar com letrinhas, quando ainda estava na terra. Assim como você.

– Então eu também vou ser uma BorboLetra? Ou melhor, um BorboLetra menino?

– Não, meu amigo. Você será um Anjo Menino Poeta.

– E essa agora! Que nome grande! Eu sempre fui chamado por apelidos! Não dá pra diminuir esse nome enorme cheio de sobrenome e deixá-lo curtinho, como o seu?

– Bem, posso pensar no caso, já que sempre gostei de dar duplo sentido às coisas e mudar a conotação conceitual pré-estabelecida das palavras. Deixe-me pensar um pouco, está bem?

– Está certo.

Borboletra deu umas voltas, voando em volta do novo amigo. Após alguns instantes:

– Ah! Já sei: Anjo Guido Poeta!

– Hum...! Posso mudar um pouquinho?

– Claro! Afinal, este céu de artistas literários é democrático, e cada um escolhe seu próprio nome. Eu apenas estava tentando ajudá-lo.

– Posso ser o Anjo Píccolo?

– Poder pode, mas... píccolo não quer dizer pequeno?

– Isso mesmo!

– Você é um grande poeta, creio que píccolo não lhe caia bem.

–  É, pensando bem, você está certa! Continuemos a pensar, então!

Mais umas voltinhas de dona Borboletra. As asas do recém-chegado foram colocadas e ajustadas em seu devido lugar.

– Agora acho que achei, amigo!

– Fale! Fale logo! Fiquei curioso! Estou ansioso para saber!

– Ângelo Guido, o poeta da Mooca.

– Perfeito, Borboletra. Adorei!
 
 

E assim o paraíso dos poetas ficou completo: Ângelo Guido e Borboletra voaram juntos, transformando-se em inspiração aos que aqui ficaram. Esperemos que sejam bem vindos às mentes criativas de todos os poetas! Quem sabe agora, sentindo o doce perfume destes dois iluminados, sob a luz destes seres que tanto lutaram em prol da união e da justiça, os poetas não se reúnam e, em uníssono, recitem um poema perfeito de paz?

14-26/12/03 - 17/01/04