COLUNA DE THATY  MARCONDES 
Na área empresarial, trabalhou na implantação de projetos de administração, captação e aplicação de recursos, e ainda em redação e revisão de textos técnicos. Nascida em Jundiaí, reside atualmente em Ponta Grossa/PR

1ª quinzena de maio

 
Tomara que a moda pegue

Todo mundo discute qual a maneira mais eficaz de fazer com que o brasileiro, por fim, adquira o salutar hábito da leitura.

Faço parte de algumas listas na Internet e, dentre tantas, destaco uma, onde o assunto é LIVRO. Livro de um modo geral – e vejam que o assunto é amplo-. Presentes nessa lista editores, autores, ilustradores, diagramadores, revisores outros “ores” sofrendo todas as “dores” pertinentes ao mercado. Os mais saidinhos, devo confessar, são os escritores. Afinal não podemos perder a oportunidade de divulgar nosso trabalho e, quem sabe (tomara Deus!), sejamos notados e alguém nos descubra, enfim, os talentos!

Mas voltando ao assunto, sob uma ótica geral e não tão pessoal, o maior queixume dos componentes da lista é sempre o eterno: “Brasileiro não lê!”, “Livro, no Brasil, é caro!”, “Não se vê ninguém lendo no ônibus ou no metrô!”.

Pois podem parar de lástimas:  agora as máquinas automáticas (moda americana, as “Vending Machines”) estão chegando também às estações do metrô, em São Paulo e no Rio de Janeiro, desta feita não para vender refrigerantes ou guloseimas, mas, sim, livros. Isso mesmo: LIVROS. E a preços populares: a partir de R$ 3,00 o leitor pode adquirir um livro! Alguns, inclusive, vêm acompanhados de “embalagem para presente”, ou seja, você pode comparecer a qualquer aniversário de última hora sem “esquecer o presente”. Antes de embarcar para a festa, você escolhe o título e embrulha na viagem. Prático, não?

Lembro-me que no ano de 1996 fui obrigada, por força das circunstâncias e do destino, a permanecer em um grande hospital da capital paulista acompanhando meu primeiro marido que fizera uma cirurgia delicada. Foram 45 dias quase sem contato com o mundo externo, exceto uma vez por semana quando alguém me substituía e eu podia, finalmente, matar as saudades do meu filho, de uma boa comida caseira feita pela mama e da minha cama (devo confessar que o travesseirinho de infância me acompanhou nos dias de hospital). Café, só na lanchonete, que fechava às 22 horas em ponto. Eu ficava me perguntando: por que não colocam aquelas máquinas automáticas de café expresso? E acendia meu cigarro, no frio do sereno do estacionamento, com a boca seca e imaginando um cafezinho. Na rua da entrada principal do hospital havia banca de jornal, barraquinha de frutas, camelôs. Claro que na banca de jornal podia-se encontrar livros – de pouco conteúdo, devo confessar -. Pouquíssimos títulos e a grande maioria deles contendo orientações, ou melhor dizendo, conforto espiritual, como se todo acompanhante ou doente tivesse que estar preparado para o pior! Nada que levantasse o moral, que distraísse a mente, que levasse pra longe o cheiro característico do local trazendo-nos perfumes inebriantes e imaginários de poesia, de jardins magníficos imaginados por algum romancista, ou outro assunto que nos desviasse a atenção da situação que, por si só, já é desagradável e preocupante.

Agora, com essa novidade, fico torcendo para que a moda pegue e se espalhe por outros lugares. E torço para que aquele hospital adote o sistema e coloque, além das máquinas de cafezinho, as de livros!

Viajar de metrô lendo: que maravilha! Só espero que essas máquinas não fiquem apenas nas grandes capitais e nas estações de metrô, pois, sem sombra de dúvidas, devem existir muitos lugares adequados para que o povo possa se sentir atraído tanto pela qualidade quanto pelo conteúdo e preço dos livros. Desta feita, acho que poderemos dizer adeus ao  estigma de “povo que não lê!”.

Confrades de lista será que com essa moda, num futuro próximo, poderemos nos orgulhar e exclamar que o Brasil é um país de leitores ávidos? Tomara que a moda  pegue!

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