1ª quinzena de junho
Passeio de sábado, numa pequena cidade do interior, só pode ser no único Shopping Center local. Fiz isso neste sábado. Aflita pelas novidades editoriais, e doida por boa música, parei de cara no primeiro piso: ofertas sonoras nas “Lojas Americanas”, antes das delícias escritas na “Bom Livro”. De cara, em oferta, achei um CD cujo LP (coisa antiga, mas ainda tenho vários aqui) foi “sumido” daqui: SÁ, RODRIX E GUARABIRA. Uau! Saudades da estrada da vida carregando um violão no porta-malas do carro: qualquer emergência, a voz e os dedos serviam pra garantir a “birita” e o “rango” rápido das madrugadas boêmias de uma cidade bem mais interiorana que esta aqui. Deu-me um banzo! Lembrei-me dos meus 23 anos, tocando rock rural no Baviera, que cantávamos “Blue Baviera” (trocando a letra original de “Blue Riviera”).
Bons tempos! Águas de Lindóia era meu lar, meu mundo, minha paisagem, minha música, meu tudo. E Deus morava lá. Acho que continua lá, esperando pelo meu retorno; como se lá fosse o paraíso; como se hoje ainda fosse dia de rock e eu fosse novamente capaz de olhar o milho verde e perceber melodia e poesia nele.
Compadre meu, a “sodade” já me atormentou! A vida me separou dessa estrada. Caminhei por aí: ruela cinza, paisagem sem cor, gente sem expressão e eu sem esperança, longe da sala enfumaçada onde deixei meus amigos queridos.
Bem depois dessa avalanche de recordações, nem lembrei
da Livraria: deixei para um próximo passeio.
”... Mas encontrei tantas pessoas tristes desaprendendo como conversar,
que parece que eu estou carregando os pecados do mundo!...” (*)
(*) frase da música “Primeira Canção da Estrada” — Zé Rodrix & Luiz Carlos Sá