1ª quinzena de novembro
Tenho orgulho
Essa nova onda de comunidade virtual, no embalo de ORKUT, MULTIPLY e outras é realmente um sucesso. Não paro de me surpreender com a Internet, ou, melhor dizendo, com as pessoas que freqüentam a Internet. Tenho um pequeno espaço no Multiply , que considero meu recanto, por ter encontrado pessoas de variados perfis, que fui agregando aos meus contatos. Como era hora de expandir horizontes e alargar fronteira, resolvi entrar em alguns grupos. Claro: todo mundo quer achar sua tribo, sua turma. Entrei numa comunidade e, de cara, logo postaram uma pesquisa sobre CAFÉ ESPRESSO. Fiquei curiosa sobre esse tal eSpresso e resolvi pesquisar na Internet, entre amigos, escritores, no real, no dicionário. Bem, o que encontrei me levou à seguinte conclusão: ESPRESSO é o nome desse tipo de café na Itália, bem como o nome de uma marca de máquinas para esse tipo de café. Porém, o certo mesmo seria eXpresso. Será? Bem, na dúvida, nada melhor do que perguntar ao inquisidor da pesquisa.
Vamos ao diálogo. Na íntegra, mensagens trocadas via Multiply com a “pesquisadora”:
EU:
“Me desculpe pela pergunta, mas depois que li a palavra " ESPRESSO", tenho que fazê-la:
faculdade de quê e qual a faculdade?
Thaty ”
PESQUISADORA (não vou identificá-la, pois, sinceramente, eu teria vergonha de expor alguém a esse ridículo “mico”):
“Bom, caso você não saiba esse é o nome original (em italiano) deste tipo de café. Se você toma café " expresso" problema é seu!
Ah! Escola Superior de desenho Industrial ESDI, da UERJ.”
EU:
“Tomo EXPRESSO mesmo, pq moro no Brasil... rs
bjs
Thaty ”
PESQUISADORA:
“Se você sente tantA orgulho de morar nessa merda; se seu ufanismo é tão grande assim e você concorda com o lema " Brasil ame-o ou deixe-o", mais uma vez:sinto muito, o problema é seu. Mas você só provou que não é inteligente o suficiente para estar aberta a outras culturas e usa sua vidinha medíocre para tentar encontrar falhas nos outros (e dessa vez você errou feio!) e de repente assim se sentir melhor consigo mesma. Mais uma vez, a grafia correta é a original e "abrasileirá-la" não a tornará correta. Contudo, se você prefere viver na ignorância...”
EU:
“Sem dúvida nenhuma, as faculdades mudaram muito!
As pessoas deveriam aprender, de cara, o que não aprenderam ou não tiveram em casa: educação! Não vi motivo nenhum pra sua agressão gratuita.
Não deixo meu país pq tenho orgulho de ser brasileira. Os incomodados é que deviam se retirar: a ignorância, realmente, atravanca o progresso!
Você perdeu uma ótima oportunidade de ser simpática e mostrar sua inteligência, mas, como diz o ditado: cada um dá o melhor de si!”
Bem, depois dessa troca de sutilezas brasileiras, só me restou deletar o “ post”. Sinceramente, me senti muito decepcionada. Para não “queimar completamente o filme da mocinha” ou sair da linha dei o assunto por encerrado. Mas ficou um nó na minha garganta de brasileira ofendida.
Resolvi mastigar melhor esse diálogo infeliz e mais tarde, com calma, eu pensaria na melhor resposta a tantas “acusações “ de “ brasileiridade ”.
Acho que agora, passados alguns dias, já consigo responder:
Tenho orgulho de meu país, sim. Meu país não é utópico nem perfeito, não é o melhor, mas também não é o pior. Meu país é motivo de orgulho pra mim e pra muitos brasileiros que conseguem enxergar que somos, finalmente, um exemplo para o mundo. Nosso presidente é um homem do povo, filho do sertão seca e fome, fugitivo da terra árida e estéril, operário sem ser padrão. Nosso presidente fica pouco à vontade em ternos finos, torce para o timão do povão e, pela cara, acho que gosta mesmo é de uma boa cerva num dia de verão. Para ele banquete apetitoso é o churrasco simples, a farinha fina, o feijão. Não estou aqui defendendo ou acusando ninguém senão meu país, que sei, tem defeitos. Mas quem disse que aqui é o paraíso? É simplesmente o Brasil! País onde há desigualdade – a mesma que habita tantos outros países.
“Brasil ame-o ou deixe-o ”? Nunca! Isso era lema de governo do tempo da ditadura – episódio do qual nota-se que você não sabe quase nada ou nada mesmo – e os que saíram não o fizeram por covardia, mas por coragem! A mesma coragem que nos trouxe de volta à democracia; a mesma coragem que tornou possível que até uma pessoa como você, que não tem noção do que diz, que ofende seu país, seja por ele beneficiada e possa freqüentar uma Universidade Pública, pois meu país não tem preconceitos e reconhece qualidades até em pessoas simples e mesmo nas preconceituosas.
Ufa... Acho que desabafei. Agora com licença, pois estou “seca” pra tomar um café “cremoso” (resolvi chamá-lo assim para não provocar mais polêmicas).