COLUNA DE THATY  MARCONDES 
Na área empresarial, trabalhou na implantação de projetos de administração, captação e aplicação de recursos, e ainda em redação e revisão de textos técnicos. Nascida em Jundiaí, reside atualmente em Ponta Grossa/PR, onde exerce o cargo de Conselheira Municipal da Cultura.

2ª quinzena de maio
(Próxima coluna: 03/06)


Julieta, abre a janela!

Romeu acordou com insônia, no meio da noite. Faltava alguma coisa na sua cama, no seu corpo, na sua boca amarga pela ressaca. Primeiro tirou o guarda-chuva de mau hálito da boca. Um xixi , lavou as mãos e o rosto. Tentou um banho frio. Nada: aquela sensação de falta algo e quero mais continuava.

Tudo escuro na casa de Julieta. Tentou as portas, na esperança de que ela o esperasse e tivesse deixado uma delas, ao menos, aberta. Tudo devidamente fechado, trancado e lacrado.

Chamou, próximo à janela do quarto da sua almejada mulher, mas Julieta dormia. Nada respondeu. Também não estava roncando. Estaria ignorando seus chamados de propósito? Estava fazendo charme?

Bateu na janela e chamou com voz firme.

Julieta acordou sobressaltada, assustada, quase gritando, desentendida mesmo, achando tratar-se de algum pesadelo. Estaria Romeu se sentindo mal? Hospital essa hora? Homem, nessa idade, é fogo!

Julieta 50, Romeu 54.

Ela abriu a janela e teve que ajudá-lo para que ele conseguisse entrar. E ele entrou, por fim. Entrou pela janela, entrou no quarto, entrou na cama, entrou no corpo de Julieta. Julieta suspirou, baixinho, pra não acordar mais ninguém na casa. Adormeceu encostada ao peito de Romeu. Romeu entrara em sua alma também. Tanto e tão fundo, que ela nem percebeu quando ele foi embora, pulando, novamente, a janela.

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