COLUNA DE THATY  MARCONDES 
Na área empresarial, trabalhou na implantação de projetos de administração, captação e aplicação de recursos, e ainda em redação e revisão de textos técnicos. Nascida em Jundiaí, reside atualmente em Ponta Grossa/PR, onde exerce o cargo de Conselheira Municipal da Cultura.

1ª quinzena de agosto - Coluna 48
(Próxima coluna: 18/8)


Esquisitices

Falando sério: todo mundo tem algo de esquisito, seja um hábito, uma mania, uma expressão, sei lá, qualquer coisa. Mas, vejam bem, quando as manias são estranhas demais, beiram à loucura, ou, até, já estão inseridas no quadro patológico do maluco.
O mais engraçado é que nunca achamos nossas maluquices esquisitas. Mas as dos outros! Ah, que esquisitice!
Conheci um cara que achava que toda a pessoa que tem os lábios superiores finos é falsa. De onde ele pode ter tirado isso? Só Deus sabe! Meu marido não dirige e nem entra em carro vermelho, pois os associa a todos os acidentes que já sofreu ou já presenciou na vida. Esqueci de perguntar se a moto com a qual ele sofreu um acidente onde quase perdeu a perna esquerda era vermelha! Meu filho tem hábitos como verdadeiros rituais, que ele acha que dão “sorte” quando o Corinthians joga. Meu pai não podia ir se benzer: achava que dava azar, pois após algumas benzidas ele foi assaltado ou sofreu algum tipo de acidente.
Também tenho minhas esquisitices: derrubar café = notícia ruim; sonhar com dente = morte na família; e devo ter mais algumas das quais não me lembro agora ou apenas os outros, fora de mim, são capazes de notar.
A certa altura da vida, em um dos meus elevados cursos de (dês )controle mental, aprendi que essas manias que chamamos de “avisos” ou “premonições” são “ signos-sinais ”. Belo nome pra esquisitices, não acham ? Já os estudiosos de paranormalidades tratam isso como doidice mesmo. E mais: aquelas pessoas que dizem “ouvir” ou “ver” tais sinais precógnitos, após tratadas, deixam de apresentar tais “fenômenos adivinhatórios ”. As “entidades” que se manifestam dizendo tudo o que o consulente merece ou pretende ouvir, nada mais seriam do que máscaras, disfarces, pra pessoa que fala não ser responsabilizada por tais disparates ou “verdades cruas e nuas”. É como se, por exemplo, eu tivesse algo muito sério pra dizer a alguém, apontar algum defeito ou má conduta, e não tivesse coragem; então assumo outra entidade, e falo como se fosse outra pessoa, ou outro espírito, enfim: outro ser (ou não ser ?! ?).
A grande verdade, tanto de quem procura por métodos de adivinhação ou premonição, quanto de quem os profere, é que o ser humano sempre quer sentir o lado divino, a centelha, que, por certo, o habita, mas que se perdeu, escondeu-se em algum canto remoto da alma ou da mente, no decorrer dos tempos. A religião, o “ religare ”, configura-se um elo perdido, em nossa era. Era... Uma vez... Um terceiro olho. Mas isso é outra história.

Thaty Marcondes

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