2ª quinzena de outubro - Coluna 53
(Próxima coluna: 4/10)
Horário de Verão
É solitária a madrugada dos insones. Lá fora, uma ave batendo asas, em meio ao silêncio profundo, mais parece um helicóptero barulhento. Até mesmo minha respiração corta o silêncio, como faca afiada. O teclado faz barulho. Pouso vagarosamente um pensamento sobre a mesa, antes de deitá-lo sobre as teclas. Etéreo, sem peso, ele não faz barulho. Mesmo assim há um burburinho em minha mente, como se árvores dispensassem folhas caindo como bombas no chão. Uma rajada de vento e... Cruzes: o pensamento que estava aqui já não mais está. Tudo em movimento dentro do cérebro. Mas há um lugar vazio: cadê o sono? Vasculho, abro gavetas, fecho janelas pra repousar a mente no escuro. Sem avisos, num repente, adormeço olhando a tela do computador: uma borboleta pousada, uma flor se abrindo, a magia da estação, e os ponteiros do horário de verão.