COLUNA DE THATY  MARCONDES 
Na área empresarial, trabalhou na implantação de projetos de administração, captação e aplicação de recursos, e ainda em redação e revisão de textos técnicos. Nascida em Jundiaí, reside atualmente em Ponta Grossa/PR, onde exerce o cargo de Conselheira Municipal da Cultura.

1ª quinzena de novembro - Coluna 54
(Próxima coluna: 18/11)

Meu pequeno grande mundo

Desde pequena sempre quis abraçar o mundo, ganhar o mundo, conhecer, o mundo, sair pelo mundo afora. Não deu. Nem todas as estradas estavam abertas aos meus passos – um tanto lentos e atrapalhados – ; nem todas as correntes de ar conseguiram me levar a vôos mais longos e mais altos; nem todo o mar pode me ajudar em minhas débeis braçadas de frágil nadadora. Mas todas as montanhas, todas as nuvens, todas as marés me levaram, em sonhos, às alturas, às beiras de precipícios, às aragens doces e suaves da primavera, ao alento do vôo das borboletas, ao som melódico do canto dos passarinhos.

Demorei a descobrir que o mundo não está lá fora, mas, sim, cá dentro, em meu pequeno universo, em minha alma, em meu cérebro. Minha imaginação me leva onde eu queira ir. Assim como os livros. Ah, os livros! Os livros que contam tantas histórias, que me trazem tantos mundos de outras pessoas moradoras de outras esferas. Acomodo-me em uma poltrona próxima à janela e decolo em suas páginas, vivendo tantas venturas, tantas vidas, tantos outros mundos.

E a cidade, o bairro, a casa, a cama onde me deito e sonho; a cadeira onde me sento e crio (ou tento) histórias inventadas, reinventadas ou apenas recontadas? Outros mundos dentro de meu mundo interior. Andando pela vida descobri que o lugar onde a gente nasce pode ser um acidente geográfico ou um capricho do destino (existe destino?), mas o lar, aquela cidade que nos acolhe, que nos embala em seus braços, acho que é mesmo questão de sorte. Como encontrar a alma gêmea e tantas outras coisas onde não nos basta apenas vontade, persistência, método, estudo ou talento: há que ser ter sorte (ou seria, novamente, o tal destino?). Só sei que tenho sorte (ou um bom destino?) e me encontrei em Ponta Grossa: a cidade que me abraça e é capaz de me enxergar, entre tantos outros, e ao meu pequeno e pessoal mundo. Tenho sorte – ou será, novamente, o tal do destino que me prega uma peça? – e o autor do meu livro pessoal, da minha história de vida, sem dúvida, caprichou escolhendo essa cidade pro meu renascimento. É: escolhi Ponta Grossa, essa pequena grande cidade, a princesa dos verdes Campos Gerais. E talvez esse seja o início de um novo capítulo a ser inserido no meu livro da vida, com um final feliz.

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