COLUNA DE THATY  MARCONDES 
Na área empresarial, trabalhou na implantação de projetos de administração, captação e aplicação de recursos, e ainda em redação e revisão de textos técnicos. Nascida em Jundiaí, reside atualmente em Ponta Grossa/PR, onde exerce o cargo de Conselheira Municipal da Cultura.

1ª quinzena de fevereiro - Coluna 60
(Próxima coluna: 18/2)

O PESO

Dizem que há pessoas que dão a impressão de carregarem o peso do mundo nas costas.
Sabe, aquelas pessoas quase corcundas, com um ar cansado, olhar perdido?
Pois é, Joana andava assim.
Apesar de seus pouco mais que 40 anos de idade, tinha um ar cansado, envelhecido, quase corcunda. Cada vez que ela pensava na troca que fizera — trocou Pedro por Lauro — mais as costas se dobravam.
Um era amor, companheirismo, homem responsável e pai de família. O outro, amante perfeito — ela custou a perceber que sua "quase perfeição" devia-se ao fato de Lauro ser "quase profissional"!
Demorou mas foi notando. Com o tempo, ele era dono da situação, dono da sua vida, dono do seu mundo. E ai dela se abrisse a boca — ele tinha tudo prontinho - uma dissertativa de desprezo — ela era tão imperfeita!
E ela ia se dobrando, cada vez mais. A cada "elogio à sua imperfeição", uma dobra nova.
Um dia ela cansou e simplesmente não acordou. Queria descansar. Não queria mais ouvir as palavras rudes de Lauro. Nem se preocupou com seu filho, único, cujo pai era Pedro (agora falecido). Ela simplesmente não agüentava. Tinha que ir — melhor morta do que louca — pensara.
Agora a face era lívida, os músculos relaxados, coluna reta, sem tiques, mãos lisas — unha por fazer.
Lauro encomendou o caixão. Descreveu-a com "pouco mais de 1,50".
Assustou-se quando viu que tiveram que trocar o caixão, pois não se lembrava mais de como ela era alta!
A mãe lamentou como ela era nova.
O filho ainda chora como ela triste.
O motivo ainda teima em destruir mais gente.

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