"DIVERSOS CAMINHOS EM BLOCOS", POR ZANOTO

Jornalista famoso do Correio do Sul (Varginha/MG), desde 1950 mantém a coluna lítero-poética "Diversos Caminhos" naquele jornal.
Manteve coluna em Blocos Online de janeiro de 1998 a dezembro de 1999, e agora retorna à Internet, novamente através de nosso site.
C. Postal, 107 - 37002-970 Varginha/MG

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Coluna de 15/6
(próxima: 15/7)

1. Atrás da poesia do amor vem a prosa do casamento. Camilo Castelo Branco.

2. "Vinha pela estrada o velho com o seu chapéu" (José Godoy Garcia). Chuva, muita chuva hoje por aqui. P. H. Xavier achou de primeiríssima o poema MATÉRIA SENTIDO, de Alexandre Marino, poeta mineiro, em Brasília, enfocado por Ronaldo Cagiano no livro Poetas Mineiros em Brasília, que Cagiano organizou. Alexandre Marino é jornalista e publicitário, desde 1982 vive em Brasília, onde trabalhou nas redações do "Jornal do Brasil", "Correio Braziliense" e "O Estado de S. Paulo", (...) Cientes do futuro, as árvores / emudecem ao som do machado / e após o abate / a poesia as conduz ao infinito (...) Na árvore feita livro, o homem / enfrenta sua agnosia ; com a seiva da poesia" (Do livro "O Delírio dos Búzios").

3. O HOMEM ETERNO
     
     Ele sabe que a morte vem verde,
     nasce filho, morre filho,
     Ou amadurece. Ele não.
     A dor dói mais
     quanto mais berra o boi.
     Os seres todos são iguais
     e um dia sumirão
     na luta que não termina.

     O homem eterno não indaga
     de Deus nenhuma resposta.
     Mudo é o mundo.
     Medo, a razçao
     Escuro, o instinto.

     Feliz pelos acontecimentos.

- Francisco Miguel de Moura é poeta, mora em Teresina/PI

4. Liberdade. Passei a vida a cantá-la, mas sempre com a identidade no pensamento, ciente de que é ela o supremo bem do homem. Miguel Torga

5. E disse Bruna Piantino: "No processo de aprendizagem a relação é mais valiosa que cada uma das partes"...
    CONSEQÜÊNCIA - ó não perturbes / por favor / este sono brasileiro / que já nasci deformada / nasci virada / para o impossível - Denise Teixeira Viana
    É verdade, comentou Moacyr Vallim, a poesia vitoriana surgiu com os "Idílios Ingleses e Outros Poemas", de Alfred Tennyson, publicados em 1842. Na Inglaterra, esse poeta era apontado como o príncipe da poesia.

6.

sei que nem sempre súmula
sustenta-se
mas é o risco que se assume em resumir
- Irineu Volpato

7. Onde colocar a poesia de Iacyr Anderson Freitas? Coloco-a no dia que passa: no hoje que já foi amanhã e amanhã será ontem, sem deixar de ser aquele "bel aujourd'hui" celebrado por Mallarmé. Situo-a na contemporaneidade de sem nome ou rótulo - navio que se liberta das amarras e ganha o mar largo". Lêdo Ivo.

8. O cineasta, escritor e poeta Sylvio Back, traduziu vários e belíssimos poemas do poeta americano Langston Hughes, que Henrique Corrêa de Araújo me disse certa vez ser fenomenal. E, lendo alguns, várias vezes, pude confirmar essa opinião. Vejam, por exemplo, o poema SONHO - Ontem sonhei / o sonho mais louco / - por tudo eu via / o que parecia inverossímil: / Você não estava ali comigo: / Acordado / me virei / e toquei você / adormecida / o rosto virado // Aí pensei: / como os sonhos / podem mentir // Mas você não estava mesmo ali!
Indiscutivelmente, um poema de primeira água. Parece que as palavras estão sendo musicadas num instrumento mágico.

9. POESIA
Vida,
assim dividida:
O que não vira pó,
Vira poesia.
       - José Ronaldo Viega Alves

10. A um certo ponto lhe pareceu ver toalhas molhadas. Deviam ter sido postas ao sol para secar. O rapaz, com os pés no lenço do vendeor de limão, que o deixou cair, abstraído, pensava em Capitu. Tal como disse José Saramago, parecia que estava no interior duma bolha de silêncio.

11. Então José Luiz Dutra de Toledo, falecido em 2004, disse que o Tejo circunda Toledo, como uma cobra lodosa verde-azulada.      

12. "Quelle admirable journée"" (Que admirável dia) tivemos no dia 26 de fevereiro, hospedados na Pousada do Rio Turvo. O vasto e maravilhoso lago postado diante de nossos olhos, fulgurante e bonito - uma larga ponta do Lago de Furnas. A Pousada do Rio Turvo, êxtase para os olhos. As águas do lago de Furnas, a vegetação e porque não dizer as pessoas, excitadas diante de tanta beleza, ardem no desejo de competir com o azul do céu, com o brilho dos morros e com a serenidade das águas. É sábado. Dez horas da manhã. Iniciamos um passeio ecológico numa chalana, pelas águas tranqüilas do lago. Ao longe, à beira do lago, casas e sítios magníficos. A beleza do lugar e da paisagem é tanta que oprime os nossos olhos com sua exuberância. As águas rebrilham. A chalana segue seu caminho, navegando. Nós, os passageiros, estupefatos nos rendemos a graciosidade da pequena viagem de 3 horas. Com plena inteireza desfrutamos as volúpias das cascatas, do lago e, de repente, do canyon, uma visão maravilhosa e indescritível. O canyon se põe à nossa frente altivo e esplendoroso como um deus, sob as forças das pedas, das águas e do céu. Naquela imensa piscina da natureza, os excursionistas pulam na água para nadar. E tudo ao redor projeta no rosto dos tripulantes e passageiros uma forte alegria. É hora de regressar à pousada e a chalana retorna balançando brandamente, enquanto entusiasmados todos nós pusemo-nos a dançar.

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