"DIVERSOS CAMINHOS EM BLOCOS", POR ZANOTO

Jornalista famoso do Correio do Sul (Varginha/MG), desde 1950 mantém a coluna lítero-poética "Diversos Caminhos" naquele jornal.
Manteve coluna em Blocos Online de janeiro de 1998 a dezembro de 1999, e agora retorna à Internet, novamente através de nosso site.
C. Postal, 107 - 37002-970 Varginha/MG

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Coluna de 15/7
(próxima: 15/8)

1. Será que só foi pagode, forró, música sertaneja e rock por aqui em todas as bandas e bandos? O choro deu um vôo importante. Aliás, segundo papo que ouvi de uma turma no Correio, penetrou nos meios universitários. Estou falando exatamente da década de oitenta. O Galvão tem uma pesquisa sobre o choro muito interessante e importante. Inclusive me falou sobre um professor, que toca choro, que combate a mania de chamar choro de chorinho. Como será que começou o movimento do choro no Brasil?

2. REENCARNE  

    
O corpo é pele
    e cor,
    tem veias
    ossos e dor
    O corpo
    morre
    apodrece e
    cresce

Mônica Banderas

3. “...apodrecem...” – Antonin Artaud. – Menino travesso, correndo pelas ruas. Um poema eu o escreverei no verso do teu texto. “...suicídio comprar bicicleta / cavalo é muito mais natural”... Lao-Tsé nasceu em 604 a.C., numa aldeia ao norte da China. O humor é a saída de emergência. Rodolfo Serkin me pedindo que envie um grande abraço ao poeta e jornalista Francisco Filardi ( Rio/RJ ). Está dado o recado.

4. Você quer ser romancista? Pois Roberto Drummond aconselha: “... leia com a máxima urgência “Cartas a Um Jovem Romancista”, de Mario Vargas Llosa".

5.

  “Para o escritor
   o inferno é um círculo
    onde tudo já foi dito”

   Eliane Pantoja Vaidya

6. A prosa – romance, novelas, contos, fantasias – evolui num sentido análogo ao de poesia.” Pois é, “não é dado a qualquer um tomar banho de multidão: gozar a massa é uma arte. (...) Multidão, solidão: termos iguais e permutáveis para o poeta ativo e fecundo”... disse Baudelaire. Encaminho-me para o lado de F. T. Marinetti, pressinto em suas mãos e bafo a literatura futurista. “É preciso destruir a sintaxe, dispondo os substantivos ao acaso, como nascem.” Enquanto isto Eduardo Otoni diz que no infinito o verbo não fica amarrado ao substantivo e com isso desligado, de certa forma, do “eu” do escritor, do escrevinhador...

7.

DRUMMOND/DRUMMOND

Federalíssimo Drummond,
em que minas da palavra
acendeste o discurso da primavera?
Em que sombras, em que reinos,
jaz a efígie de teus poemas?
Ave-luz
jorrando poesia.
O poeta
e a pétala revolucionária do ser.
Em que aromas confusos
embarcaste para a morte?

Gabriel Nascente

8.  P. H. Xavier recordando que o poeta Ari Lins Pedrosa, de Maceió, disse certa vez que morava no paraíso.
                “Ah! Fausto, / Agora só tens uma mísera hora para viver, / e depois será condenado para sempre!”. (Goethe)
                “Mário de Andrade – feiticeiro inventor.”
               A sociedade cada vez mais dominada pela mentalidade consumista e tecnológica.

9. P. H. Xavier leu ontem BAPTISTA CEPELLOS (Manuel Baptista Cepellos) o poeta do drama brasileiro, de João Barcellos. “O contato com a Escrita Cepelliana permite / o estudo das profundezas da alma brasileira”... Críticos dizem que a obra cepelliana contém, muitas vezes, o pessimismo Schopenhauriano. A vida dele, comentou, o poeta Cícero Acaiaba, foi recheada de acontecimentos trágicos e, sem dúvida, dolorosos. Pouco se fala desse poeta nascido em 1872 e falecido em 1915. Ele descendia de família humilde. “Era, sem dúvida, um poeta enamorado da morte.” “A formidável luz que nos assinala o caminho do Bem ou o caminho do Mal está sujeita a uma carga psicológica que todos transportamos em nosso subconsciente. É esta mesma Luz que transforma o Ser Humano em instrumento de Arte. Instrumento capaz de, mesmo SOB O EFEITO DO BEM ou DO MAL, CRIAR O BELO e, também por isso, capaz de se multiplicar!” (João Barcellos). Ouçamos Cepellos: “O espetáculo mais triste que se pode / observar debaixo do sol é este miserável / encadeamento que existe / entre a vida e a morte!”
Nos seus últimos anos, o tom era simbolista. O famoso poema “Os bandeirantes” foi prefaciado por Olavo Bilac. Baptista Cepellos saiu da vida através do suicídio. “(...) Desespero. O silêncio me tortura. / Mas, de repente, alvoroçado, escuto / um farfalhar de folhas na espessura.” (B.C.)

10.  

Ainda tão cedo..
PASSARADA OUTONAL
vem me despertar!

É roda que roda,
abandonando-se ao vento-
A FOLHA EM QUEDA

Queima todo o céu
sem labareda ou fumaça
O SOL DE VERÃO

Aí estão três haicais de Regina Lúcia Alonso Peres, que pertence ao Grêmio de Haicai CAMINHO DAS ÁGUAS (Santos/SP).

11. Olho bem ao redor, para confirmar que aqui comigo estão CAOS PORTÁTIL, de Jorge Pieiro (Fortaleza/CE), Marina Morta, de Eugenio Tucci, ANTOLOGIA DE POETAS PORTUGUESES E BRASILEIROS, Portugal/Brasil volume I, de que Maria de Lourdes Brandão é organizadora, PASSEIO BÉLICO, de P. J. Ribeiro (Cataguases) – Poemas Minuto, A LINGUAGEM E A SOCIEDADE, de Henri Lefebre, a revista CULT 47 (“Alcântara Machado, 100 anos na Paulicéia desvairada”), a Revista AZ – diretores: Joyce Pascowitch / José Pascowitch, OUTRAS PROFANAS, de Sérgio Gerônimo “(...) meu exercício é te amar / aniquilando as asas libertinas / do teu sobrevôo / me faço algoz”...) GALERIA revista de arte 14 (uma ótima tela de Aldemir Martins), O VÔO MÁGICO DE SANTOS DUMONT, de Alice Massa, SOLTE OS CACHORROS, de Adélia Prado, e A ESTRANHA VIDA BANAL, de Ferreira Gullar.      

12. “Todo dia é dia de nascer uma nova esperança, / mas nem toda espera é de um dia.” Knorr

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