"DIVERSOS CAMINHOS EM BLOCOS", POR ZANOTO

Jornalista famoso do Correio do Sul (Varginha/MG), desde 1950 mantém a coluna lítero-poética "Diversos Caminhos" naquele jornal.
Manteve coluna em Blocos Online de janeiro de 1998 a dezembro de 1999, e agora retorna à Internet, novamente através de nosso site.
C. Postal, 107 - 37002-970 Varginha/MG

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Coluna de 15/11
(próxima: 15/12)

1. O cão morto, na esquina da rua Santa Cruz, estava rijo. Há muitos anos que eu não via um cachorro morto, na rua. É possível que tenha sido atropelado. Ou que lhe tenham dado bolinha de veneno. O menino olhou e correu. Passou um senhor idoso e deu um sorriso duro. Eu segui meu caminho, pensando.

2. Caríssimo Selmo Vasconcellos (Porto Velho/RO); por volta de 2003, em julho, li esta notícia, em "O Boêmio", do Eduardo Waack: "Partido da Mobilização Cultural e Turística". Está sendo organizado em Rondônia, por expoentes artísticos e simpatizantes de todos os segmentos culturais, o PMCT, Partido da Mobilização Cultural e Turística. Em menos de 15 dias, foram mais de 300 adesões. Seu principal idealizador é o poeta Selmo Vasconcellos, cansado de intermediários entre o chefe do poder executivo e a classe artística". E aí, colunista e poeta Selmo Vasconcellos, como é que ficou o seu movimento de mobilização cultural e turística? Um abraço.

3. O PÁSSARO SEM VÔO - O pássararo sem vôo, solto na sala,/ ficou sendo um brinquedo de criança/ Que lhe importa a manhã? / Por que saudá-la,/ Se a cantiga desperta a mão que o alcança?/ De que lhe vale o canto? O canto é apenas/ alegria de estranhos/ Não é tudo./ O canto é inútil como são as penas./ O pássaro sem vôo, cantando, é mudo. — José Chagas (São Luis - MA), no livro de José Nêumanne Pinto "Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do Século".

4. Eu gostaria de que os ponteiros do relógio parassem um pouco agora, e nos desse, a todos, chance de rememorar sonhos antigos e de encontrar velhos amigos que já não estão mais conosco.

5.        Um corredor, uma estrada
            nos dão fuga, não se negue.
            Mas de consciência pesada
            fugir jamais se consegue.
                — Amália Max (Ponta Grossa - PR), no verso de envelope em que me enviou cartão, mostrando a Igreja Nossa Senhora do Rosário (Ponta Grossa) e agradecendo publicação de trova sua, no dia 06 de maio deste ano. "Zanoto, sua coluna só merece aplausos. Deus o conserve. Abraços, Amália Max".
Digo aos amigos destes caminhos que Amália Max venceu, em Pindamonhangaba (SP), Concurso de Trovas sobre o tema "Terra". A trova vencedora é esta:
            "Terra-Mãe, não me contive:
            Teu chão, sol, fonte que corre...
            És Terra por quem se vive,
            És Terra por quem se morre!"
                 (Amália Max)

6. A CURA
            Ele olhava aquelas pessoas andando de patins, como ele, no Ibirapuera. Tentava ser um deles. Buscava coragem.
            Mas tornara-se estranho em qualquer ambiente depois que a namorada partira para outra morada. Nada mais fazia sentido e ele tinha que continhar, por isso estava ali, tentando a cura.
           — Djanira Pio (SP/SP)

7. Leio o texto de Fábio Lucas sobre ensaio de Maria Lúcia Lepecki a respeito de Autran Dourado, autor que P. H. Xavier venera. O livro de Maria Lúcia lido por Fábio Lucas intitula-se AUTRAN DOURADO (UMA LEITURA MÍTICA), lançado pela Quiron em 1976, que obteve o Prêmio Nacional de Crítica Literária da Fundação Cultural do Distrito Federal, por ocasião do XI Encontro Nacional de Escritores. Diz Fábio Lucas que Maria Lúcia Lepecki "de certo modo, ensina o leitor de Autran Dourado a ver mais na obra e a aprofundar a sua conseqüência no plano cultural." Recordo-me de um dos melhores livros que já li, que é de Autran Dourado, o "A Barca dos Homens", no qual, e em outros, diz Fábio Lucas, Maria Lúcia observa "a ausência quase total do conflito de gerações"... Havendo oportunidade retorno a esse texto de Fábio Lucas.

8. Caio Fernando Abreu, falando de Frida Kahlo, quando fotos delas, nos anos 70, começaram a figurar nas revistas e jornais, disse que tinha medo de vê-las, e acrescentou: "bastava aquele rosto duro, de petra, metade asteca, metade etrusco, buço e sobrancelhas cerrados, olhar direto, arrogante. Sem saber quase nada, eu intuía qualquer coisa terrível na história de Frida. Descobri depois: era ainda mais terrível do que poderia imaginar". Que susto levou Caio Fernando, no início da década de 90, em Paris, caminhando por uma mostra de arte mexicana no Beaubourg, "de repente tive uma espécie de vertigem. (...) Olhei: era uma explosão de cores primárias, brilhantes, exageradas. Era uma das dezenas de auto-retratos de Frida Kahlo. Amarelo, vermelho, verde, lilás. Tive febre, depois."

9. Krug Pilard pediu-me que publique a poesia "Meninazinha pobre", de Camilo Soares (Cataguases) que ele escreveu no Álbum de Poesia da senhorita Heolísa do Carmo, em 1927, conforme conta o poetamigo Joaquim Branco, em seu "Passagem para a Modernidade". O poema sai na primeira oportunidade. Aliás, um poema delicioso.

10. Falando com Anibal Albuquerque sobre Frida Kahlo, ele me disse que já leu "O Diário de Frida Kahlo", que é um livro gostosíssimo, e foi publicado no mundo inteiro, a partir de cadernos deixados no Banco do México.

11.       "Cantar é um dom.
            Interpretar é uma arte!
                        — Lúcio Gusmão Lobo
"Fiódor. Um desses caras capazes de assentar na mesa do bar na calçada e deixar a porta do carro aberta, com o som do toca-fitas ligado alto" (Otávio Ramos).

12. "Nunca me preocupo com o futuro, muito em breve ele virá" (Albert Einstein, físico alemão).

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