"DIVERSOS CAMINHOS EM BLOCOS", POR ZANOTO
Jornalista famoso do Correio do Sul (Varginha/MG), desde 1950 mantém a coluna lítero-poética "Diversos Caminhos" naquele jornal.
Manteve coluna em Blocos Online de janeiro de 1998 a dezembro de 1999, e agora retorna à Internet, novamente através de nosso site.
C. Postal, 107 - 37002-970 Varginha/MG
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Coluna nº 25, de 15/9
(próxima: 15/10)
1. O vinho não bebi. O queijo comi. A música de Sérgio Bittencourt foi tocada, mas não ouvi. Depois, encontrei um belo desenho de Wilmar Rodrigues. E pensei em Henri Jaepelt. A hora, comenta Alagoas dos Santos, é boa para um soneto de Miguel Russowsky. Rodolfo Serkin, no entanto, me passa essa trova de Analice Feitoza de Lima:
De rosas seria um feixe
se um ser humano eu não fosse
— Ou seria um lindo peixe
no teu leito de água doce?"
2. Minha barca, de repente, tomou o rumo da tristeza. Lugar onde a solidão fez uma pedra-ninho, onde encontrei uma linda rosa azul. A pedra, escorregadia, cheirava a caramelo. O mar batia numa colina do outro lado. Um zunido triste encia o ar. A distância era uma fumaça em que os peixes saltitavam. De uma núvem lá a curva do céu, surgiu um gaviaõ, voando, veio pousar na pedra.
3. Não procures qualquer nexo naquilo que os poetas pronunciam acordados" - Jorge de Lima - "Livro dos Sonetos"
4. AVE
Um poema invade a tarde
Sem pedir licença
autorização
Abram portas, janelas
e corações
Um poema se instala
Esqueçam as dores
Os sonhos desfeitos e a solidão
Um poema doce nasce na tarde
fria
Como uma bandeira ele se
impõe
levanto ao vento suave
canção
— Maria dos Anjos Lemos, in: Binóculo nº 21 - out. 2002 - Fortaleza/CE
5. "Valéry interpreta a palavra 'poética' como "nome de tudo quanto diz respeito à criação ou à composição de obras cuja linguagem seja, a um só tempo, a substância e o meio — e não no ssentido restrito de regras ou de preceitos estéticos referentes à poesia. " (Laís Costa Velho). Quem não evita as faltas pequenas, pouco a pouco cai nas grandes" - Perilo Gomes.
6. O
PRE-
GO
PRE-
GA,
O
TEMPO
DES PREGA
— Gastão Debreix Jr. (Piracicaba/SP)
7. Pela primeira vez na vida, um vagalume sentou na minha cabeça. Ao sentar, apagou a luz, mas iluminou minha cueca. Teria sido sem querer essa atitude do vagalume? Julio La Barca, ao meu lado agora, comenta que foi um acontecimento abstrato. Eis a preocupação minha: o vagalume nunca mais levantar vôo, ficando pra sempre na minha cabeça. E logo me surge uma idéia kafkiana, transformar-me num vagalume. Porém, mudando minha atitude diante do inusitado resolvo olhar as coisas numa ótica positiva.
8. "A finalidade das crenças é definir claramente quais são os TERMOS SEGUROS pelos quais a revelação do invisível pode ser expressa." - Thomas Merton.
9. Na minha mesa de escrever, especialmente, hoje cinco livros: "A mulher que matou os peixes", de Clarice Lispector; "Eurico o Plesbítero", Alexandre Herculano; "Entretempo", de Rosana Chrispim; "A fúria da raça", de Ilma Fontes e "A chave de de vidro", de Alice Spíndola. Sem dúvida, um quinteto de tirar o chapéu.
10. Chega de sonhos que nunca acontecem.
Bebi em demasia. Estou zangada e fria.
Não sou ninguém, não sou nada.
Não fiz mais poemas, não tenho um amor...
A convivência é uma hipótese.
Me isola.
Nado em águas pesadas.
As ondas de sombras levaram as vontades,
Deixaram uma tristeza inchada e o olhar
Opaco.
Chove.
Lacrimejo livremente.
Nesse momento, devo estar sem deus nenhum.
Só, com a minha cruz.
— Cecília Fidelli - Itanhaém/SP
11. ANCESTRAL - O corpo se doma, // mas a química da loucura / habita o impossível. Raul Miranda (RJ).
12. Segundo Barthes, nenhuma crítica é inocente. Cabo Peçanha, impressionado com Mário Vargas Llosa e Blaise Pascal. Dormir é bom. Aliás, dormir é ótimo. Infelizmente, tenho dormido pouco, ultimamente.
Arquivo de crônicas anteriores:
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