"DIVERSOS CAMINHOS EM BLOCOS", POR ZANOTO
Jornalista famoso do Correio do Sul (Varginha/MG), desde 1950 mantém a coluna lítero-poética "Diversos Caminhos" naquele jornal.
Manteve coluna em Blocos Online de janeiro de 1998 a dezembro de 1999, e agora retorna à Internet, novamente através de nosso site.
C. Postal, 107 - 37002-970 Varginha/MG
CLIQUE AQUI PARA ACESSAR O ÍNDICE ONOMÁSTICO, COM AUTORES CITADOS EM COLUNAS ANTERIORES
Coluna nº 36, de 15/8
(próxima: 15/9)
1. É tão interessente a gente ficar sabendo a origem de certas palavras! Dominó, aquele jogo, por exemplo. Vocês têm alguma idéia de como a palavra surgiu e o jogo surgiram? Pois parece que a coisa remonta ao século 6. Dois monges de Monte Cassino que tinham sido presos numa cela, por falta não muito grave, imaginaram um jeito de se distrair. Esse jeito foi destacar pequenos cubos da parede branca da cela, fazer marcas determinadas neles e jogar, usando-os. Ao fim de cada partida, os monges diziam uma oração a Deus, ao Senhor (Dominus, em latim), vindo daí o nome do jogo. - T. Monteiro
2. Los Angeles. Não fui lá. Galvão também não foi. "A cidade do lugar nenhum", "a cidade do kitsch", segundo Pepe Escobar. Eu e meus companheiros aqui ao lado ficamos em silêncio muito tempo. Aquela jarra, na sala, é tão bonita que, francamente, voa.
3. Zé Maria leu, ontem, EU E OS OUTROS, de Padre Antonio Vieira. É um livro magnífico, disse elea. A linguagem do Padre Antonio Vieira é musical. Sem dúvida, há momentos em que a gente se emociona. É livro que vale a pena ler.
4. Vida fica muito mais bonita
com a nossa alma lambida,
depois de um bom ato de amor.
- Rose de Arruda
5. A traíra
Recebi uma lanterna de presente. É importada. Coloquei algumas pilhas e ela clareou o escuro. Agora caço baratas com a lanterna. Daqui a alguns dias vou a Tabocal pescar traíra com a lanterna. A gente vai à noite, alta noite, à rpresa do açude. Entra na água até o meio da canela. Vai clareando o lodo. As traíras grandes vêm dormir à beira d'água. Quando a gente foca, elas se acordam e ficam olhando a luz da anterna. Ficam com aqueles olhos inocentes olhando a luz. A gente vacila, com ternura. Depois pensa no almoço do dia seguinte. Aí, espeta a faca entre os dois olhos do peixe e ele se debate até morrer. Nos dias seguintes, você almoça e janta quilo e meio de peixe saboroso. Mas fica aquele olhar acostumado à escuridão, que, de repente, vê a luz e se abobalha. No outro dia, você se lembra que também é uma traíra de muitos anos, setena e tantos quilos e algumas dores. Mesmo desconfiado, se vê tentado a fitar abobalhado as lanternas da vida.
A cada momento, as lanternas se acendem e eu sei que o pescador tem uma grande faca na mão, e que se eu me encantar com a luz, amanhã serei pasto dos esfomeados. Aí eu fujo para a escuridão das profundezas e fico sozinho, desencantado, insignificante, desconhecido, e como as traíras que escapam dos pescadores, um dia vou virar lama negra pegajosa. Diante do dilema de fitar a luz ou me esconder nas trevas, tenho vivido mal. A pior vida de peixe é aquela em que não se é pesca nem pescador.
- Batista de Lima, poeta, escritor e professor, Fortaleza/CE
6. "Sabe, Zanoto, o meu muito ainda é muito pouco. Ontem à tarde, um bando de pardais invadiu a minha janela", escreveu-me Carlinhos, de Guaxupé (MG), dizendo-me também que o livro Meninos, poetas e Herpois, aspectos de Cassiano Ricardo do Modernismo ao Estado Novo, de Luiza Franco Moreira, lançamento da EDUSP, é livro de primeira água.
7. Realmente, ele foi super esforçado. As folhas de parreira foram vistas entrando pela janela do poeta Zhô Bertholini. A porta do meu quarto está rangendo. Erorci Santana escrevendo no branco e passando o dedo no azul.
8. Por ser vero,
severo
Por ser vil
servil
Por ser mal,
sermão
Por ser e não ser
semântica
do simples querer
metáfora
do mero poder
- Ronaldo Cagiano
9. "Pelas ruas movimentadas/ minha dor transita com preguiça." - José Henrique da Cruz.
10. Eu já fui o diabo. Hoje sou diabético! Não quero mais um masturbador das vanidades do distinto público. Como José Régio, em seu Cântico Negro, declaro à praça, e a quem interessar possa: Eu não vou por aí.
11. Venta muito forte.
E as flores do abacateiro
Colorem o chão
- Sérgio Luizato / Grêmio de Haicai Caminho das Águas (Santos/SP)
12. Busco um poema profundo para uma noite triste..
Arquivo de crônicas anteriores:
00, 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20 , 21, 22, 23, 24 , 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35