PAVIO
Luxos de lacunas
morfinas de maviosas
estroinices
passadas a limpo
no chão da casa.
Quase coisa nenhuma,
o pavio das palavras
murmura com cinismo
a enfática fábula
dos atávicos azuis
e acrílicos da esperança
que, sinuosa e sacrossanta,
vai enveredando-se na
contabilidade dos fatos.
Nos sons dos frascos
lusco-fusco da vida
esquecia-me do formigueiro
dos calores de novembro
pois, parece-me, que
é sempre a mesma alma
que vez ou outra reencontra-se
para um coro de
comemorações e apartes.