SACIEDADE DOS POETAS VIVOS DIGITAL - VOL. 3 |
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IVAN MIZIARA - Poeta, médico e jornalista. Paulista, tem cinco livros de poesia lançados. Os dois mais recentes, "Pela água" e "Elegias" (ambas pela BMGV Editora), em 2006, comemorando 25 anos de poesia. Participou de várias antologias no Brasil e no exterior. Recebeu, em 1981, Menção Honrosa no Prêmio Fernando Chinaglia da Academia Brasileira de Letras, pelo romance "O beijo é um símbolo fatal'". |
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- IV -
Quando deitamos
rompendo curvas, umedecendo beiços
em amplos abraços como se o mundo coubesse em nossos braços
apaga-se o último lume
Podíamos tecer a noite com fios dourados
(mas o ouro acaba)
Lâmina de zinco,
abelhas zunindo,
o fogo que sobre a lã arde
O ar alimenta a vertigem
aviva a chama
resseca a cal
(alvirgem)
que faz rodar as engrenagens do corpo
e depois desaparecem
– o ar, a chama, a cal – em remoinho de estrelas
e resta a sede, a fome, a voragem que se não acaba.
Resta a fuselagem sem plumas
de um pássaro adormecido
sem nome.
- V -
É assim:
de amavios e gozos sobrevivemos
vadios, felizes
(mesmo quando tudo é turvo, logro)
em meio aos sonhos
às sombras
às conchas
e ao silêncio escuro.
Mesmo quando
o muito ainda
não é tudo.
É mais ausência
e desconforto.
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