SACIEDADE DOS POETAS VIVOS DIGITAL - VOL. 3

RITA MOUTINHO - (Maria Rita Rodrigo Octavio Moutinho) nasceu no Rio de Janeiro, em 28 de junho de 1951. Começou a orientar oficinas de poesia na OLAC – Oficina Literária Afrânio Coutinho, em 1982, tendo depois ministrado aulas na Estação das Letras e em sua própria residência. Foi Editora de Pesquisa da primeira edição da Enciclopédia de literatura brasileira e coordenadora, junto com Graça Coutinho, da segunda edição. Atualmente chefia o Setor de Lexicografia da Academia Brasileira de Letras. Obras publicadas: Em Poesia: A hora quieta, Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1975; A trança. Rio de Janeiro: OLAC – Oficina Literária Afrânio Coutinho, 1982; Uma ou duas luas (plaqueta), Rio de Janeiro: Edições Ladrões do Fogo, 1987; Vocabulário: um homem, Rio de Janeiro: Arte de Ler Editora, 1995; Romanceiro dos amantes, Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 1999; Sonetos dos amores mortos, Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 2006. Ensaio: A moda no século XX, Rio de Janeiro: Editora Senac Nacional, 2000.

Contatos: ritamoutinho@academia.org.br
Página individual de poesia em Blocos Online


           Soneto do falo falho ou do quixotesco

Soneto de exaltação para o amor maior

Cama

     

           Soneto duplo para yang e yin

Soneto de uma atração fatal

Virgem

 

SONETO DUPLO PARA YANG  E YIN

A arte de amar nos nasce espontaneamente,
é uma fonte que brota em nosso corpo ermo,
é ímã que magnetiza, acopla e inda freme
almas em cio, ímpares de aconchego.
As carícias ebulem, há licor pras sedes,
e lá se vão conversas e sempre é cedo.
Paixão vem em torrente tal vem o sêmen,
manifestam-se límpidos os desejos.
Em distância os amantes abrigam um ao outro,
não acontecem elipses, são unidade,
cada encontro é viver verdades do sonho.
Amar carameliza o olhar, e uma clave
pauta as palavras ternas do íntimo forno.
O estado de amar é um sol escarlate.

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A arte de desamar é árdua e espinhosa,
é por um longo tempo abraçar um cardo,
é como sair de uma dança de roda
que no eixo tem roldana ainda no passado.
Um maquinismo pára, o corpo se ignora,
e o espírito procura restaurar cacos
em rede neuronal, memória, que adoça
com momentos azuis a hora do cansaço.
Também cria-se um ódio, põe-se uma laje,
e o sofrer se apresenta menos penoso.
Não é. Há que enlutar, sentir a dor da ave
que se privou de uma asa em meio da viagem.
A arte de desamar dói, é ir do eco ao oco,
dói admitir o fim de uma eternidade.

Do livro: Sonetos dos Amores Mortos, 2006.

Rita Moutinho
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Rita Moutinho

 
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