Chuva

Dança chuva
no chão da rua
pés descalços
em toque suave
às vezes rude
à lama do riso
do sol desmanchado
em poeira branca
desaguado em praia nua.

Baila chuva incansável
por baixo da lua
no cabelo desalinhado
dessas casas meninas
guardiãs de sete segredos
                        da vida
                        do choro
                        do desassossego
em cantos e recantos
de lares e jardins
doce beijo de colibri.

Varandas abertas aos céus
oferta
quartos, ninhos de quatro paredes
onde dormitam sonhos, raiva, desejos
e o sabiá gorjeia
gotículas de orvalho
mimos no peito de cada rebento.

Da tristeza à alegria
abrem-se os campos da terra
das pedras brotam rosas, oliva e mel
rebanhos seguem caminho
em busca de liberdade incerta.

Canta, dança, baila
chuva
serenamente abençoa meu chão
avisa lá em casa
que breve vem o verão
mas agora a hora é de plantação
para fazer farta a mesa
dos que habitam aqui
nesse sofrido, mas tão amado torrão!

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