Capítulo 4
O caso mais sensacional foi o de Adriana Moura. Ela e o marido saíram da maternidade às nove da manhã carregando seus gêmeos, felizes e cordiais, chamando um táxi que os levou da porta do hospital para a casa da mãe de Adriana.
Adriana internara-se para uma cirurgia de desobstrução de trompas, sequer estava grávida. A audácia deste golpe a princípio deu esperança ao público. Finalmente uma das raptoras tinha um rosto, um endereço, uma identidade.
O delegado Fontes jamais se esqueceria da dor e da indignaçãoda mãe de Adriana Moura quando ele surgiu à sua porta, exibindo suas insígnias e invadindo seu domicílio com a prepotência antipática dos poderosos. O delegado Fontes nunca se sentiu tão atrapalhado, tão humilhado e tão tolo quanto naquele dia, quando ficou sabendo que Adriana Moura e o marido jamais poderiam ter raptado quem quer que fosse por um motivo simples: estavam mortos.
O casal falecera há cerca de dois meses atrás, no acidente do ônibus que despencara na Rodovia dos Imigrantes, vindo de uma excursão a Aparecida do Norte.
– Roubo de documentos! Fazer-me passar por idiota! Ah, isso é
que não! Hei de descobrir os culpados, custe o que custar! Ah, se
vou! – gritava Fontes.