Capítulo 4
Dez minutos silenciosos passaram-se e percebi que estava olhando fixamente em direção à cabeça de Caio.
O que foi? bufou ele Vai dizer que também está vendo demônios verdes plantando bananeira na minha cabeça?!
Não, é que... Ah! Deixa pra lá.
Nem mesmo eu sabia por que o estava olhando daquela maneira.
Desculpe, Denis disse Caio Fiquei nervoso com tudo isso. Acho que aquele negócio novo o deixou neurótico...
Caio parou subitamente. Ouvimos a porta do quarto se abrir.
Rubens apareceu.
Não estou neurótico e sei o que estou vendo disse ele com os olhos quase saltando das órbitas Criaturas verdes pulando por cima de suas cabeças. Demônios. Enfiando suas garrinhas bem no fundo de suas mentes. Manipulando todos vocês...
Então, meu coração voltou a disparar quando vi a arma que ele ostentava ameaçadoramente em sua mão direita.
... E vou tirar esse sorrisinho amarelo da cara deles, agora!
Rubens engatilhou o revólver e apontou para nós.
Eu já tinha visto aquela arma. Pertencia a seu pai. Uma Taurus calibre .38 de seis tiros, prontinha para alvejar os supostos demônios que pulavam festeiros em nossas cabeças.
O que você vai fazer com is...
click!
Foi o som que escutamos quando Rubens apertou o gatilho. Laura gritou.
O revólver estava descarregado.
Putz cara! Você me assustou disse Paulo Fofonho respirando aliviado.
Rubens deu um sorriso insano e puxou seis balas do bolso.
Nossa... disse ele enfiando os projéteis no tambor inoxidável ... Estou tão dopado que esqueci de carregar... Agora sim!
Apontou para Caio e atirou.
Rubens era um bom atirador. Lembro-me de quando viajávamos, sempre escolhendo estradinhas desertas. Praticávamos tiro em garrafas de cerveja. Gostávamos de ver os cacos de vidro voarem pelos ares. Mas, quando se atira na cabeça de alguém, não são cacos de vidro que se vê voarem por aí.
O projétil atravessou o crânio de Caio.
Sangue, massa cinzenta e alguns fragmentos de ossos salpicaram a parede branca da sala. O corpo inerte tombou sobre o colo de Paulo Fofonho, que berrava como uma criança amedrontada ao ver o líquido vermelho e espesso que fluía de algo que lembrava bem de longe o que horas atrás fora um pescoço.
Laura também se pôs a gritar e meus ouvidos quase estouraram.
Enquanto Paulo se desvencilhava do cadáver ensangüentado, agarrei Laura e, num ímpeto de medo, corremos pelo corredor maior, entrando no último quarto.
Tranquei a porta.
Escutei mais dois tiros. E soube, naquele momento, que Paulo Fofonho também estava morto.