Bárbara Bandeira Benevento 
Carioca,  psicóloga, solteira, 27 anos, trabalhou com deficientes visuais, é sobrinha-bisneta do poeta  Manuel Bandeira.
Leia também seu blog, no endereço: <http://www.amorracional.blogger.com.br>.  Na foto, nossa colunista com Sacha.
 

"Quando se é capaz de lutar por animais, também se é capaz de se  lutar por crianças ou idosos.
Não há bons ou maus combates, existe somente o horror ao sofrimento aplicado aos mais fracos, que não podem se defender".
Brigitte Bardot


"Ninguém cometeu maior erro do que aquele que não fez nada só porque podia fazer muito pouco." Edmund Burke

Olá pessoau,

Mais uma vez estou aqui com o intuito de fazer vocês, queridos leitores, refletirem, não só sobre as irracionais atitudes humanas, mas sobre o que é responsabilidade, os direitos dos animais, nossos deveres e a falta de bondade e bom senso de alguns ditos “seres humanos”.

Para começar, dois lindos poemas do meu tio-bisavô MANUEL BANDEIRA, cedidos pela família Bandeira através da Solombra Books.
 

PENSÃO FAMILIAR

Jardim da pensãozinha burguesa.
Gatos espapaçados ao sol.
A tiririca sitia os canteiros chatos.
O sol acaba de crestar os gosmilhos que murcharam.
Os girassóis
amarelo!
resistem
E as dálias, rechonchudas, plebéias, dominicais.
Um gatinho faz pipi.
Com gestos de garçom de restaurant-Palace
Encobre cuidadosamente a mijadinha.
Sai vibrando com elegância a patinha direita:
— É a única criatura fina na pensãozinha burguesa.
 

PARDALZINHO

O pardalzinho nasceu
Livre. Quebraram-lhe a asa.
Sacha lhe deu uma casa,
Água, comida e carinhos.
Foram cuidados em vão:
A casa era uma prisão,
O pardalzinho morreu.
O corpo Sacha enterrou
No jardim; a alma, essa voou
Para o céu dos passarinhos!

Petrópolis, 10-3-1943


Depois destes lindos poemas, segue uma interessante  e triste matéria da “guerreira” Fátima Borges, sobre o tratamento dos cavalos de Paquetá. Vale a pena ser lido, para que, ao passearmos por lá, possamos olhar profundamente nos olhos desses animais e sentir um pouco a dor que eles sentem em vez de fingirmos que nada acontece, porque é  mais cômodo.

Antes, um depoimento pessoal: Quando eu era bem pequena, em Teresópolis (lembro disto até hoje)  estava com meus pais na pracinha e eles me convidaram para dar uma volta em cima do cavalinho, ou andar de charrete. Senti uma tristeza muito grande e respondi que não,  tinha muita pena deles, pois percebia que estavam sofrendo e apesar de ser muito pequena para entender, tinha  sensibilidade para saber que aquilo estava errado. Desde aquele dia, minha compreensão e amor pelos animais só cresceu.

PAQUETÁ - ILHA TURÍSTICA DA MORENINHA E DOS CAVALOS ESCRAVOS..., O OUTRO LADO NADA ROMÂNTICO DA BELA ILHA.

             Ainda das barcas, já se pode ver as charretes esperando pelos tão cobiçados turistas.
             Incentivados por chicotadas, lá vão os cavalos novamente para o passeio turístico, arrastando-se e às charretes, lá vão eles para mais um dia de trabalhos forçados, muitos são obrigados a ultrapassar as 12 horas diárias de trabalho, o que é proibido por lei.
             Enquanto o turista, alheio a todo o sofrimento desses animais se deleita com o passeio pela, já nem tão atrativa ilha, a grande maioria desses animais trabalhadores, está sobrecarregados de peso, fome, sede e cansaço sem que nenhuma voz se levante para protegê-los dos abusos de seus condutores.
        Onde está a fiscalização prometida para coibir os maus tratos?
        Trabalhar com fome e sede, é quase uma normalidade para estes animais.
        O Capim, pouco, que consomem, já chega na ilha seco, úmido ou molhado, ( na ilha não há capim para alimentar os cavalos, daí, virem de longe, lá de Itaboraí), dá pra imaginar a qualidade do farelo que lhes é oferecido.
Muitos dos animais, puxadores de charretes, passam um dia inteiro sem beber água, vermífugos? Vitaminas? Não fazem parte do vocabulário dos seus donos.
        A vacina anti-rábica que o CCZ do Rio aplicava ( porque há dois anos, não fazem mais), nem pensar...
        Alguns cavalos trabalham com uma pata ferrada e a outra não...têm-se que vigiar todos os dias...
        O alojamento atual, ( enquanto a obra que se arrasta por 4 anos para construção de baias, não sai), é um verdadeiro mafuá de barracos de madeira, apertados, com telhados precários que mais oferecem perigo do que protegem contra o tempo.
        Os cavalos que são expulsos da ilha, por falta de adaptação as charretes ou por doenças, são retirados da ilha por seus donos, sabe-se lá para onde, ninguém explica, ninguém fiscaliza.
        Não existe assistência veterinária, não existe ferrador, não existe fiscalização  em Paquetá, enfim...não existe nada em favor desses animais.
        É do conhecimento de todos estas irregularidades em Paquetá,  inclusive da Prefeitura e da Sepda- Secretaria Especial de promoção e Defesa Animal, mas por que fingem não saber? Por que insistem em não ouvir as inúmeras denúncias feitas por pessoas e / ou instituições protetoras de animais, profundamente conhecedoras das tragédias diárias vividas por esses animais?
        O que falta à Secretaria de Proteção Animal, criada pelo Prefeito do Rio , para chegar ao cúmulo do absurdo de deixar ( como divulgou o jornal O GLOBO dos dias 15 e 16 de abril de 2004, através das denúncias da Ong FALA BICHO) , que os animais do próprio abrigo da prefeitura passassem fome e, chegassem, pasmem! a deixar morrer 60 cavalos de inanição e doenças, que para o CCZ do Rio de Janeiro foram enviados?
        Como esperar que tomassem qualquer atitude em prol dos animais de Paquetá, concluímos hoje, após lermos as denúncias da FALA BICHO.
        Há, por parte da Região Administrativa de Paquetá, punição para os charreteiros que brigam, que não usam o crachá, etc... mas, nunca, nenhum foi punido por transgredir  a LEI DE CRIMES AMBIENTAIS – Lei 9605/98 art. 32.
        Até há pouco tempo atrás, a própria Região Administrativa, punia os charreteiros, retirando o cavalo da ilha e enviando para o CCZ do Rio, mas graças as reportagens de maus tratos aos animais no CCZ, pelo jornal  O Globo, a Região Administrativa junto com a subprefeitura de Paquetá, resolveram punir diretamente os charreteiros e os cavalos permanecem na ilha, sem trabalhar, menos mal! Espero que, Paquetá, opte por TROLLERS, num futuro bem próximo, para os passeios turísticos, pois já existem até “ECOTAXIS”, bicicletas com 2 lugares, super confortáveis e os trenzinhos que também atendem ao turismo, não há razão alguma em se manter “geringonças velhas, pesadas e enferrujadas, puxadas por animais doentes e machucados que todos fingem não ver.
        E, assim, sugiro:
— Vá a Paquetá, olhe de frente nos olhos daqueles animais e veja a falta de brilho em cada olhar, o olhar perdido de cada um, oriundo da falta de respeito do ser humano para com outras espécies.
Vá a Paquetá!
 

Segundo o DECRETO LEI Nº 24.645/34, ART. 3 PARÁGRAFO VIII, considera-se maus-tratos: ABANDONAR UM ANIMAL DOENTE, FERIDO, EXTENUADO OU MUTILADO, BEM COMO DEIXAR DE MINISTRAR-LHE TUDO O QUE HUMANITARIAMENTE SE LHE POSSA PROVER, INCLUSIVE ASSISTÊNCIA VETERINÁRIA.

Por: Fátima Borges Pereira – VICE-PRESIDENTE DA ONG DAAJ- DEFESA ANIMAL E APOIO JURÍDICO, POETISA, PROFESSORA DE PORTUGUÊS E TEATRO INFANTIL.

Colaboração: Carmem Sena – PRESIDENTE DA ONG DAAJ- DEFESA ANIMAL E APOIO JURÍDICO.
FONTES:
http://geocities.yahoo.com.br/equinosbrasil/carroças4.html
www.DAAJ.KIT.NET
Jornal O GLOBO, caderno Rio, 15 de abril de 2004, fls. 23
Jornal O GLOBO, caderno Rio, 16 de abril de 2004

Como tem tudo a ver com o assunto citado acima, vamos conhecer um pouco mais sobre os direitos dos animais? O que podemos fazer por eles quando estão sendo maltratados? Então vejam a lei abaixo enviada por Fátima Borges:

DAAJ-DEFESA ANIMAL E AMBIENTAL, COM APOIO JURÍDICO

MALTRATAR ANIMAIS É CRIME !

LEI DE CRIMES AMBIENTAIS  Nº 9605/98  ART. 32

PENA:  Detenção de 3 meses a 1 ano e multa, pena aumentada de 1/6, se ocorrer a morte do animal.
É CRIME: Praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos.
ATOS CRUÉIS: Matar um animal, envenenar, manter animais acorrentados ou amarrados em correntes ou cordas curtas, deixá-los ao relento, faça chuva ou sol, deixar o animal sem água, em espaços muito apertados de forma que não possa se movimentar, abandonar na rua, largá-los na porta dos outros, matar crias, jogá-los nos rios, caçar passarinhos, manter passarinhos em gaiolas pequenas para o tamanho deles, castigar um animal de forma cruel, causar danos físicos e/ou psicológicos, castigar um animal de forma a causar-lhe qualquer dano, deixar animais enclausurados sem que tenha espaço para se locomover,  bater em cavalos, fazer os cavalos carregarem peso acima de suas forças, machucar os cavalos com esporas, etc.

LOCAIS PARA DENÚNCIAS:

SEPDA - Secretaria Especial de Promoção e Defesa de Animais
(Criada pelo prefeito e que deverá atender as solicitações feitas para a proteção animal, cobre! Exerça sua cidadania ! É seu direito!)
Tels.:  2503-4098 / 2503-4166 / 2503-4248  / 2567-5496
DELEGACIA DO MEIO AMBIENTE: tel.: 3860-9030
SUIPA: tels.:  2501-9954 / 2501-1529
MINISTÉRIO PÚBLICO: tel. 2240-2064

Vá à delegacia mais próxima. (A autoridade policial instaurará o inquérito que será remetido à promotoria Pública), leve fotos, número de placa de carro, gravação, enfim... o que você tiver em mãos para facilitar o trabalho do Delegado.
Após ouvir seu relato, o escrivão deverá instaurar um inquérito policial ou lavrar um termo circunstanciado. Os animais são “sujeitos de direitos” e são representados em juízo pelo MINISTÉRIO PÚBLICO ou pelos representantes das sociedades protetoras de animais (artigo 2  § 3 do DECRETO – LEI  24.645 ), pois é obrigação da Autoridade local fazer cumprir a lei federal que protege os animais, se caso, nada disso, adiantar, queixe-se ao MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DA COMARCA DA CAPITAL no endereço, av. Nilo Peçanha, 26 – 4º andar – Centro.
Tel.: 2240-2064

ATENÇÃO: SAIBA QUE VOCÊ NÃO SERÁ O AUTOR DO PROCESSO JUDICIAL, QUE PORVENTURA FOR ABERTO A PEDIDO DO DELEGADO, POIS, O DECRETO 24.645/34 REZA EM SEU ART. 1º QUE: “Todos os animais existentes no país, são tutelados pelo Estado”.


CASTRAÇÃO GRATUITA NOS MINI- CENTROS CIRÚRGICOS, NO RIO DE JANEIRO/CAPITAL:

BONSUCESSO:  Av. Brasil, esquina com a rua Teixeira de Barros, ao lado do Bobs, na altura da passarela 9, pista de descida.
IRAJÁ:  Av. Brsil, ao lado do conjunto amarelinho, na altura da passarela 27, em frente ao Ceasa.
CAMPO GRANDE:  Ioaiba  - Praça Filomena Carlos Magno, em frente a estação de trem.
ROCINHA: Largo da macumba.
COPACABANA:  Praça Edmundo Bittencourt, Bairro Peixoto.

ATENÇÃO: A distribuição das senhas é feita toda sexta feira, a partir das 8 horas, são dadas duas senhas por pessoas que deverão levar COMPROVANTE DE RESIDÊNCIA , CPF  e  RG. A cirurgia será agendada para a semana seguinte.

USUFRUA DOS IMPOSTOS QUE VOCÊ PAGA À PREFEITURA, LEMBRE-SE , CASTRAR SEU ANIMAL É UM ATO DE AMOR E CIDADANIA.

VANTAGENS DA CASTRAÇÃO:

FÊMEAS:  O cio deixa de ocorrer, não há mais sangramento.
                    A fêmea deixa de atrair machos e procriar.
                    Diminui o risco de câncer de mama e elimina o câncer
                    de útero.
                    O animal se livra da PIOMETRA ( infecção de útero)
                    que atinge as cadelas não castradas.
                    Ajuda no controle populacional, evitando o abandono
                    de animais nas ruas.

MACHOS: Não terá câncer nos testículos.
                    Evita fugas por procura de fêmeas.
                    Estará menos sujeito a tumores anais.
                    Não terá seu instinto de guardião diminuído.
                    Diminui a necessidade de marcar território.
                    Diminui o problema de latidos excessivos e uivos.
                    Ajuda no controle populacional de animais abandonados.
 

QUANDO NÃO SE É CAPAZ DE LUTAR POR ANIMAIS, TAMBÉM  NÃO SE LUTA POR INOCENTES, A VIOLÊNCIA DEVE SER CONTIDA, SEJA COM QUEM FOR, PENSE NISSO!!

DAAJ- DEFESA ANIMAL E AMBIENTAL COM APOIO JURÍDICO

O último assunto de hoje tem a ver com assumir as conseqüências dos nossos atos. Uma pessoa colocou um anúncio no site da Uol pedindo vira-latas para testes químicos e uma protetora  descobriu e divulgou. Escrevi para o sujeito e coloquei nas minhas listas. Inicialmente, ele me respondeu grosseiramente, mas depois, explicou que era "apenas" uma brincadeira. Deve ter que ficou assustado com a repercussão.

Pensei que seria interessante relatar este caso para vocês perceberem  como é importante lutarmos pelo que acreditamos. Não devemos brincar com temas sérios. Temos que ter responsabilidade e bom senso quando pensamos em brincar com o que é importante para outras pessoas. O meu sonho é salvar os animais da ignorância, dos maus tratos, da incompreensão, do desamor. E o de vocês? Deixo aqui uma reflexão: nunca desistam das suas convicções, lutem pelo que acreditam e sigam seu coração — por mais que te considerem insensato, você é muito mais do  que os outros pensam de você e sempre existirá alguém para te seguir!

Abraços oncídios,
Bárbara


Esta coluna é atualizada todas às segundas-feiras