Crônica da 2ª quinzena de fevereiro
O FILHO DO FHC
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo! Todo espírito é santo! Todo filho tem um pai e todo pai reconhece seu filho. Essa é a relação divina da paternidade. Por isso o pai é o símbolo máximo da santidade.
A honradez e o caráter de qualquer homem, mede-se pelos atos que pratica no enfrentamento de adversidades em que se espera dele o comportamento adequado à altura daquela própria situação.
Quando o homem reconhece seu filho, perante o julgamento social há o respeito por esse homem.
Por isso admira-se o cantor Roberto Carlos, o presidente Lula, François Mitterand e todos aqueles homens, famosos ou não, que reconheceram e reconhecem seus filhos advindos de relações fora do casamento.
Pelo mesmo motivo, há nódoa a macular a vida do rei do futebol que teima em não aceitar a própria filha, já reconhecida pela justiça brasileira.
A Constituição Federal, promulgada em 1988, veio reconhecer a legitimidade e legalidade dos direitos de filhos advindos de relacionamentos adulterinos. Para a Lei Magna, filho é filho!
Há uma pergunta que segue um jovem até o fim da puberdade: __Você é filho de quem?
Quando a resposta tem o sabor amargo do abandono e do não reconhecimento paterno, o homem assume a figura da irresponsabilidade e da pouca capacidade de amar e de doar-se ao seu fruto, negando umas das características básicas da espécie humana.
Há um sentimento natural a todo pai: Vive e morre pelo filho!
Quando o preço do ato de abandonar o filho passa a ser figura de passado e as coisas findas, mais que lindas, ficarem na memória, não haverá verso de Drummond que responda a uma única pergunta: E agora, José?
O mandato acabou, a importância se foi, a realeza debandou e há um jovem no meio do caminho. E agora, Fernando?
Pode-se questionar a competência atribuída ao brasileiro de julgar os atos de todo homem público de reconhecer ou não um filho resultante de uma relação extraconjugal, mas quando esse não reconhecimento é em razão da possibilidade do exercício de mandatário máximo do país, distribui-se essa responsabilidade a todo povo, sabedor ou não desse fato.
Para que essa responsabilidade seja distribuída entre todos, deve a imprensa tornar público o fato, para que uma das partes, no caso o povo, possa dizer se aceita ou não tal condição.
Quando não há o reconhecimento da paternidade e há a omissão da informação por parte da imprensa, a parte prejudicada tem todo direito de julgar moralmente o acontecido, pois traz em seu bojo um vício de origem.
Refiro-me à divulgação da revista Caros Amigos e sabedor por toda imprensa brasileira, de acordo com fonte segura, da existência de um menino, hoje com oito anos de idade e que vive com a mãe em Portugal desde o nascimento, que é filho da jornalista Mirian Dutra e do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso.
O jovenzinho tem como padrinho Alberico Souza Cruz, ex-diretor de jornalismo da Rede Globo de Televisão, empregadora da mãe do garoto.
Para que justiça seja feita, de acordo com o precedente havido, houve a divulgação por parte de toda imprensa brasileira da existência de Lurian, filha do presidente Lula, fruto de uma relação fora do casamento, e assim deve acontecer com a existência do filho do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, também advindo de relação semelhante.
Com toda consideração que merece o jovem filho de FHC, vítima maior da vaidade humana e o respeito à Dona Ruth Cardoso, a quem tive o prazer de conhecer e constatar a inteligência e beleza de sua alma na preocupação com os excluídos sociais, mas respeito maior merece o povo brasileiro, principalmente a ser dado pelo homem público e pela imprensa escrita, falada e televisionada, na razão direta da manutenção do regime democrático existente no país.
Não pode haver nunca a aplicação de dois pesos e duas medidas. Mas sim, deferência e integridade na defesa da transparência da vida pública, valor que está sendo duramente conquistado pelo povo de nosso país.