Crônica da 2ª quinzena de março
A Imprensa e as Elites
Timidamente, a imprensa brasileira está noticiando a existência de bilhões de dólares em contas correntes de brasileiros, em bancos suíços e em outros países que dão isenção tributária.
Segundo fonte segura, um ex-governador mineiro transferiu 50 milhões de dólares pouco antes do escândalo dos fiscais cariocas, para outro paraíso fiscal. Há ainda, desvios de milhões de dólares num TRT carioca, que será notícia brevemente.
É inegável que nos paraísos fiscais espalhados pelo planeta, há bilhões de dólares oriundos do narcotráfico brasileiro, de sobras de campanhas políticas e da corrupção em geral, já que até a presente data, somente o Juiz Lalau e a advogada fraudadora do INSS é que estão vendo o sol nascer quadrado.
Para o restante dos bandidos de colarinho branco, o crime realmente compensa!
Como parte dessa dinheirama toda é proveniente de caixas de campanhas
políticas e são de corruptos influentes, muitos deles aparecendo
todos os dias nas telinhas brasileiras decidindo nosso futuro, há
uma espécie de conluio e tolerância
generalizada entre todos eles.
A imprensa, por sua vez, parece que está acordando do sono letárgico em que dormia por conta de ter mordido a maçã ofertada pela bruxa da ignorância, se lembrando que seu papel é mostrar a realidade material e não a verdade formal oriunda das elites, até então decantada em versos e prosas pelos noticiários do dia-a-dia.
Por conta da ingênua personalidade sonhadora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a qual me identifico pelo sonho universal de “somos todos iguais perante a vida”, há uma nuvem de sensação de fraternidade a contagiar a população mais intelectualizada, e pela primeira vez na história desse país, estamos conhecendo a pobreza sem o romantismo descrito pela literatura brasileira.
Nossos pobres estão nos mostrando como é a fome vista por dentro de um estômago vazio, como se nos chamassem em direção aos seus barracos de miserabilidade e nos dissessem: Vocês são culpados disso, por ação ou omissão voluntária!
Infelizmente, ainda, o som da hipocrisia ecoa pelos corredores dos nossos
tribunais, pelas redações dos grandes jornais, pelos estúdios
das principais redes de Televisão e, principalmente, pelos olhos
da grande massa política que nos governa e
que faz-de-conta que nada está acontecendo.
A pobreza brasileira está nos acordando! Não pela consciência de ataque às injustiças sociais, mas sim pela mudança de quem a lidera. Não mais está sob o controle das elites brasileiras que a mantinha num canto escuro ajoelhada sobre milhos como castigo por existir, mas sim, mudou para a tutela e proteção do narcotráfico, tão poderoso quanto.
O narcotráfico instalou-se dentro da miserabilidade brasileira e paga salário mínimo em torno de R$ 500,00, que é quanto ganha um garoto por distribuir a droga aos viciado das elites. O traficante dá à pobreza a condição mínima de vida que o Estado nunca deu.
Ele é muito mais importante às classes excluídas socialmente que qualquer plano governamental de mera tentativa de acabar com a fome, num factoide jogo de distribuição de cartões fome-zero.
E mais uma vez, as elites tentam inverter a situação ostentando
força militar, colocando nas ruas polícia e exército
para combater traficantes, como se fossem vencer uma guerra comum, esquecendo-se
dos verdadeiros motivos da existência
dessa situação de violência social.
O vício é das elites. São viciadas em se apropriar do dinheiro público, de criar normas jurídicas que as protegem, de criar escravos para lhes servir, de se entupirem de substâncias alucinógenas e que causam euforia e, ao final, quando a miséria bate à porta exigindo melhor tratamento, infantilmente ostentam força e tentam tirar da frente dos olhos o produto de suas ações mesquinhas.
Tentam varrer para debaixo do tapete da hipocrisia o resultado humano de suas egoístas vidas.
Só haverá uma melhor qualidade de vida para todos os brasileiros, com a diminuição da violência urbana, quando as elites abrirem mão de parte de seus direitos. Não por mera benevolência, mas sim por conquista da miserabilidade brasileira que está vindo buscar o que lhe pertence, liderada por quem abastece nossos vícios de mediocridade.
E a imprensa tem papel fundamental nesse momento histórico, que é servir à verdade material e não aos interesses tacanhos das elites brasileiras, que sequer têm noção da revolução social que ocorre em nosso país.
A história cobrará o papel de seu registro, independentemente
das manipulações existentes, doa a quem doer!