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COLUNA DE DOUGLAS MONDO correspondência
Douglas Mondo é poeta, advogado civilista e empresarial, Acadêmico fundador e presidente da Academia Jundiaiense de Letras Jurídicas,  fundador, ex-presidente e atual vice-presidente do Conselho de Segurança de Jundiaí/SP.

Crônica da 2ª quinzena de outubro

A Esquerda é a Saída da Direita

É inegável que a máquina governista vai fazer de tudo para tentar emplacar o sisudo José Serra na presidência da república.

Fará coisas, inclusive, que mais tarde trará arrependimentos históricos ao atual governo.

Com a aproximação das eleições, o gasto governamental com a distribuição das verbas públicas, muitas oriundas de remanejamento não vinculado, será o atrativo para os espúrios apoios políticos.

No campo das espionagens e denúncias de malversação do dinheiro público, haverá um caça às bruxas, com o governo, e principalmente com o staff político de Serra, atirando para tudo quanto é lado, já que o alvo principal continuará sendo o PT de Lula, pois o PPS de Ciro Gomes não detém poder algum político-administrativo.

O ataque a Ciro Gomes, por parte de José Serra, será tentar menosprezar e Collorir sua capacidade política de governar o país.

Associá-lo à imagem de Collor de Melo será outro grande desastre político do atual governo. É como comparar água com azeite.

Serra está morto! Esse governo do PSDB não conseguiu, pela própria incompetência administrativa, governar o país por vinte anos, como queria Sergião há oito anos atrás.

Segundo o Emérito Professor de Economia Ricardo Bergamini, a história da nossa balança comercial foi de Superávit de 1979 a 1984, com US$ 15,9 bilhões; de Superávit de 1985 a 1989, com US$ 67,3 bilhões; de Superávit de 1990 a 1994, com US$ 60,3 bilhões, e no período de janeiro de 1995 a maio de 2002, pela primeira vez, geramos déficit comercial atingindo US$ 19,7 bilhões.

O governo de Fernando Henrique não conseguiu trazer avanços significativos nas áreas sociais e de segurança pública, já que vivemos hoje em clima de guerra, e a distribuição da renda continua em patamares ridículos.

Efetivamente, o governo de Fernando Henrique se apequenou.

Lula tem um percentual histórico de 30%. Resta saber quem será seu adversário no segundo turno.

Posso errar, mas arrisco o palpite que pela primeira vez nesse país teremos uma disputa entre as esquerdas brasileiras.

O PT de Lula, que ainda não seduz grande parte do eleitorado, dificilmente firmará aliança com a direita, nem conseguirá atrair o eleitorado descontente do PSDB.

Ciro Gomes é o homem. Está conseguindo, com uma retórica forte e convincente, além de inegável carisma pessoal, bem como de sua mulher Patrícia Pilar, atrair os votos dos descontes com o atual governo e do eleitorado indeciso que costuma definir uma eleição.

É bom lembrar que o PPS, Partido Popular Socialista, surgiu durante o décimo Congresso do Partido Comunista Brasileiro em 1992, que teve como meta o rompimento com o modelo comunista esgotado no exterior.

Tem como meta de governo, a retomada do crescimento através da reestruturação de seu padrão de desenvolvimento econômico com geração de empregos; renegociação da dívida externa com alongamento de seu perfil; desenvolvimento de política de distribuição de renda e riqueza, bem como de ciência e tecnologia e uma defesa intransigente dos nossos recursos naturais.

A ironia é que Ciro Gomes está se transformando no grande porto seguro para todas as correntes ideologicas, provando que nesse país, nunca houve de fato o desenvolvimento de qualquer pensamento ideológico com convicção programática de governo.

Afora um ou outro acidente de percurso, caso não surjam novidades significativas no atual quadro político nacional, teremos um segundo turno entre Lula e Ciro Gomes, com a esquerda, finalmente, alcançando o poder em nosso país.

Aí terá que mostrar para que veio, já que – historicamente – é  impossível a sobrevivência pacífica de uma nação que tem sob seu jugo mais de 25% do povo vivendo abaixo da linha da miséria, enquanto apenas alguns poucos dormem em berço esplendido, às custas da miséria humana.