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COLUNA DE DOUGLAS MONDO correspondência
Douglas Mondo é poeta, advogado civilista e empresarial, Acadêmico fundador e presidente da Academia Jundiaiense de Letras Jurídicas,  fundador, ex-presidente e atual vice-presidente do Conselho de Segurança de Jundiaí/SP.

Crônica da 2ª quinzena de novembro

OPORTUNIDADE E IDEOLOGIA

Oportunidade e conveniência. Duas palavras que podem ser utilizadas em qualquer situação.

Ambas são como homem e mulher. Uma desacompanhada da outra, dói n'alma feito solidão. Juntas, beijam o prazer em noite de verão.

A oportunidade se oferece quase sempre. Talvez seja a mais atirada. Aquela que atenta o equilíbrio, que almeja o fácil, que toca o espírito, que leva o oportunista a ajoelhar-se ao pé do diabo.

É a pura tentação!

É como o reflexo da uma imagem distorcida. Na hora parece a melhor decisão, depois sem maquiagem mostra a face da pura desilusão.

Fazer amor com a oportunidade, desacompanhado da conveniência, é como brincar de fantasma em noite escura: a brincadeira se transforma em medo da própria consciência.

Aquele que confunde oportunidade com conveniência, joga o jogo mais alto, mas corre o risco de apostar no preto e saborear o vermelho da dor da impaciência.

A oportunidade sozinha é a meta principal do imediatista. Às vezes levado pelo desespero e necessidade, outro binômio que nunca levou nenhuma vantagem em tal sociedade.

Já a conveniência gosta de se mostrar bem certinha. É o puro respeito à decência.

É a moça recatada. Nunca em público por alguém é beijada. É a virgem imaculada.

No risco nunca se atira. Morre de medo de arranhar sua imagem de respeito às regras sociais. Veste-se de branco em chá de júbilo aos jogos finais.

Agora, quando se encontram, é o respeito e o desrespeito se amando como o gozo supremo dos imortais.

Quando aparece a oportunidade e a conveniência deixa cair seu véu de grinalda, o resultado é aquele banquete nunca antes saboreado.

É o regalo para os deuses feito contentamento e nostalgia. É o verso épico da poesia.

É o perigo posto de lado, relegado a um segundo plano. Jamais os atacará nesta ou noutra vida.

Nessa hora a conveniência se oferece sensual e atrevida. E a oportunidade então, se lança molhada, feito água-de-bica. Mata a sede e banha o corpo num ritual de alma lasciva.

Quem as conhece e amor com elas faz com sabedoria, deita com a felicidade e acorda com a alegria.

E a oportunidade e a conveniência viram inteligência! E é inteligente ter uma posição assumida. Estar do lado esquerdo ou do lado direito do rei.

Há os que gostam de estar embaixo do rei, como também os que gostam de estar com a criadagem, é mais democrático.

Há, ainda, os que preferem estar com os bichos, já que estes não reclamam. A cabra só berra!

Pensar com inteligência não necessita se colocar como ideologicamente de esquerda ou de direita.

Ambos são braços do mesmo corpo. Em um país excessivamente burocrático e, por isso mesmo, ideologicamente subdesenvolvido, braços com pensamentos e rumos diferentes fazem padecer de fome o fraco corpo.

E se ambos os braços não quiserem limpar as sobras que emolduram o lixo real,  a quem caberá mal-cheirosa tarefa?

À esquerda jamais. Ela é o esteio, o pensamento revolucionário das mudanças significativas que ocorreram no mundo no último século.

A direita também não aceitará tão insignificante papel. Afinal ela detém o conhecimento tecnológico e econômico do crescimento mundial.

E o lixo real fede!

Continuará fedendo até que pensadores caminhem em direção a um único ideal: enquanto morremos de fome, sob os aplausos dos nossos ideais, a safadeza política ficará cada vez mais rica!

Afinal, não é conveniente, mas ela sempre tem a oportunidade!