Crônica da 1ª quinzena de maio
TRIBUTO A OSCAR WILDE
Um dos maiores escritores do século XIX, filho de William Wilde, médico em Dublin e da escritora Jane Francesca Elgee, defensora do movimento pela independência da Irlanda. Desde garoto viveu entre sonhos de liberdade e o mundo fantasioso dos escritos literários.
Um poeta com alma universal, tendo ao longo da vida passado por experiências de sucesso e desprezo social, em virtude de suas opiniões fortes e relacionamentos reprováveis para a época.
Dentre suas obras há o famoso romance “O Retrato de Dorian Gray”, escrito em 1891 e que conta a história de um homem que permanece sempre jovem, enquanto seu quadro demonstra marcas da passagem do tempo e de seu caráter perverso e desumano.
Em seus 46 anos de vida, além do inusitado romance, escreveu vários contos, poemas, sonetos, dramas, ensaios e proferiu inúmeras palestras. A mais famosa, intitulou: A decadência do falso!
Da imoralidade preconceituosa sobre seu comportamento, num exercício de ironia, podemos destacar inúmeros aforismos que se tornaram sentenças morais, citadas desde então.
Entre algumas, conceituou: A ambição é o último recurso do fracassado!
Tinha plena consciência do cinismo humano. Do homem que conhece o preço de todas as coisas e o valor de nenhuma delas.
Sabia que toda alma nasce velha e se torna jovem. Na comédia da vida. Como também sabia que todo corpo nasce jovem e se torna velho. Na tragédia da alma.
A alma cuja imortalidade brincou com o tempo. O tempo de todas as almas, na minha homenagem ao poeta.
No começo era uma brincadeira como outra qualquer. Pulava de época em época como mero jogo de aprendizado. Era escravo lutando pela liberdade de viver e falar. Era rei exercitando seu poder de cabeças cortar.
O tempo era amigo de sua farta imaginação. Cortesãs, soldados, mercenários, políticos, assassinos, religiosos, abastados; ninguém escapava de sua louca vontade de brincar de viver. Fazia da existência a sublime arte de sonhar!
A vida era sua aliada pela longa eternidade. Até profeta ousou ser. Num desequilíbrio de vaidade, quase revela os segredos da morte, como fim de qualquer idade. Virou mito e símbolo de sanidade!
De tanto brincar, brincou de se esquecer da melancolia. Uma dor tão forte que chamou de amor, para poder senti-la entre a loucura e a agonia. Sentiu-se triste, como nunca havia se sentido em plena alegoria.
Morreu novamente, num retrato de infelicidade, fruto de alguma medíocre e boba fantasia.
Nasceu poeta, para continuar a brincar com as palavras e novamente enganar a lancinante dor que de amor o matou um dia.
Coitado! Seus versos são segundos de tempo em fugaz tentativa de aplacar a solidão e provar sua tola teoria: O amor é para os fracos e ao guerreiro cabe lutar por ideais e morrer em plena luz do dia, apunhalado pelas costas feito folhetim barato em papoula sangria.
Pobre alma, evaporou-se entre uma vida e outra. Virou Nostalgia!
E como disse Oscar Wilde: O homem culto é aquele que sabe encontrar um significado bonito para as coisas bonitas. Para ele a esperança é um fato real.