Bicharada

Gatos e cachorros à beira da morte são salvos pela milenar técnica da tradicional medicina chinesa, a acupuntura, em Pernambuco. A satisfação dos proprietários de animais condenados por veterinários de outras especialidades é tanta que, mesmo depois da alta, querem continuar levando o bichinho para as sessões de agulhadas.

O responsável pela criação do ambulatório de acupuntura, na Clínica de Cães e Gatos, do Hospital Veterinário da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), é o médico veterinário Eduardo Cole. Cansado das soluções, para ele, nada satisfatórias, da medicina alopata, Cole especializou-se em acupuntura e fez curso prático com o introdutor da técnica chinesa para animais no Brasil, o médico veterinário Testsuo Inada. Cole concluiu o curso de dois anos em 95 e, desde então, buscou aprimorar-se cada vez mais. No próximo mês, por exemplo, defende sua tese de doutorado em acupuntura, já concluída.

Seus estudos comprovam que a acupuntura tem efeito calmante, semelhante ao efeito de drogas ansiolíticas, que diminuem a ansiedade, como Valium e Lexotan. Ele usa a acupuntura tradicional, com agulhas de aço inox e a acupuntura moxa-bustão. As agulhas têm um mandril, uma espécie de controle para que o veterinário saiba até onde vai introduzir a agulha. "A agulha só entra na epiderme, o procedimento é quase indolor. E o efeito é tão calmante que alguns terminam a sessão já dormindo", conta o veterinário, que afirma nunca ter sofrido nenhum acidente como mordidas ou unhadas, ou pelo menos, nada tão grave que justificasse o anestesiamento do animal. No tipo moxa-bostão, também usado em humanos, Cole leva um bastão feito de artemísia aquecido na ponta até o ponto que pretende estimular. Gerando calor na área desejada, a estimulação dos pontos meridianos também ocorrem.

O ambulatório foi instalado há um ano e meio e o atendimento é feito às 3ª feiras. Uma reavaliação é feita após duas sessões, mas segundo Cole, a cura total demanda seis meses de tratamento. A consulta dura uma hora porque, antes, o veterinário faz uma investigação completa sobre o animal e seus hábitos no primeiro encontro. Nos que se seguem, há uma conversa sobre a evolução do comportamento do animal em casa. As sessões de acupuntura propriamente ditas levam até meia hora.

Os animais encaminhados ao ambulatório passam por uma triagem, com os próprios veterinários alopatas do hospital. "Os veterinários tratam até o limite que a alopatia permite e quando ela não resolve mandam o caso para mim", conta. Os pacientes terminais enviados a Cole sofrem, em geral, de males do sistema nervoso. Mas há também casos de doenças dermatológicas, como queda de pelo, problemas alérgicos e distúrbios de comportamento. "Às vezes, tratamos animais muito agressivos para que possam conviver melhor em casa", explica o médico. Animais que aguardam cirurgias ortopédicas também fazem sessões de acupuntura para suportar a dor até o dia do procedimento.

O resultado agrada aos donos dos animais mesmo que não desapareçam todos os sintomas, como é o caso da sinomose. Doença que acomete cães, a sinomose é causada por um vírus que tem atração pelo sistema nervoso. O animal desenvolve uma encefalite, inflamação nos neurônios, e passa a ter convulsões e desequilíbrio no caminhar. Além disso, o vírus afeta o sistema imunológico e o cão acaba contraindo infecções oportunistas. "Alguns déficits neurológicos permanecem depois do tratamento. Em certos casos, o animal continua mancando, mas o dono prefere que seja assim, em função da relação de afetividade", relata Cole.

O resultado agrada aos donos dos animais mesmo que não desapareçam todos os sintomas, como é o caso da sinomose. Doença que acomete cães, a sinomose é causada por um vírus que tem atração pelo sistema nervoso. O animal desenvolve uma encefalite, inflamação nos neurônios, e passa a ter convulsões e desequilíbrio no caminhar. Além disso, o vírus afeta o sistema imunológico e o cão acaba contraindo infecções oportunistas. "Alguns déficits neurológicos permanecem depois do tratamento. Em certos casos, o animal continua mancando, mas o dono prefere que seja assim, em função da relação de afetividade", relata Cole.

O êxito do ambulatório de acupuntura está justamente nos resultados obtidos. O índice de cura é de 70%, segundo o médico. A explicação do veterinário para a receptividade dos donos, após o início do tratamento, quando os animais já apresentam sensíveis melhoras, é que cães e gatos são animais de companhia e, por isso, é preferível que sobrevivam com algum nível de qualidade de vida. Por isso não se tentou, até hoje, o tratamento de animais maiores. "No caso de animais de grande porte, cuja criação é para fins econômicos, como eqüinos e bovinos, o sacrifício é a única opção. O proprietário de um cavalo com problemas neurológicos não arriscará o tratamento com acupuntura se houver a possibilidade de que ele não tenha a remissão completa dos sintomas", justifica.

Com o ambulatório estruturado, Cole pretende agora ampliar o atendimento. Ele conta com a ajuda de quatro estagiários e quer implantar residência em acupuntura. "Atender uma vez por semana é pouco. Por isso pretendo formar uma equipe para estender o atendimento a outros dias da semana", revela. A equipe atual está terminando um projeto para oferecer acupuntura por estimulação elétrica, a eletro-acupuntura. As agulhas seriam usadas para conduzir uma corrente suave, com o nível e o formato das ondas elétricas controlados por um aparelho. Outro projeto para um futuro próximo é o registro da memória do laboratório. Ele quer selecionar determinados animais para filmar desde a primeira sessão e, assim, deixar registrada a evolução do estado de saúde do bicho.
Lana Cristina

Fonte: Agência Brasil ( http://www.radiobras.gov.br/ )
Enviado por Solange Firmino

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