Crônica da 2ª quinzena de junho
A Violência nas Grandes Cidades
Há sensação de violência generalizada nos grandes centros urbanos em nosso país. Não se sabe o quanto há de fantasia nessa sensação, já que se confunde com a própria realidade existente.
Nas grandes cidades há, normalmente, a exploração por parte da mídia de uma cultura de exclusão social e violência estampada.
O pico de saturação se dá quando a pseudo-solução é o combate a essa sensação com a morte dos supostos agentes da violência, sob formas ainda mais violentas.
A voz corrente diz: Lugar de bandido é na cadeia, ou bandido bom é bandido morto!
A dominação social pequeno-burguesa explora essa cultura como forma de negação de suas próprias fraquezas e como meio de interligação de identidade entre seus pares, na observação dos vícios sociais sem interferir diretamente na busca de soluções.
Normalmente adotam-se falsos caminhos com emprego de força aparente e farta visualização, transmitindo sensação de normalidade, enquanto as diferenças sociais acentuam-se ainda mais.
Militarizam-se tropas e criam-se guerras com jogos estúpidos na alimentação do circo e da necessidade de espetáculos que satisfazem o sadismo pequeno-burguês.
Não há solução fácil nem aparente. A mudança do pensar e do agir exige muito sacrifício e perseverança.
A violência não nasce pronta. Cria-se pela dificuldade de solucionar as diferenças advindas das relações humanas e sua alimentação é fonte de renda para grupos sociais que a exploram economicamente.
A difusão da cultura da violência estabelece base de pensamento nas gerações mais jovens e transforma-se em normalidade ao atingirem a fase adulta, onde explorar o outro é regra geral como forma de convivência.
Banaliza-se a morte como solução de conflitos e o meio social volta às origens onde a força estabelecia normas de vida em comum.
Atualmente o exemplo mais aparente se dá entre as sociedades burguesas e os excluídos sociais que habitam o Rio de Janeiro e São Paulo. É a demonstração máxima da intolerância humana na co-habitação do mesmo espaço físico.
O Estado finge que combate a violência e a marginalidade finge que o aceita, sob discursos políticos de demagogia explícita.
Há plena simbiose entre castas sociais mais favorecidas e a marginalidade que satisfaz plenamente seus jogos sociais de vícios e corrupções.
Não basta a utilização de mecanismos paternalistas para a tentativa de diminuição do fosso social, se as relações de intolerância estão enraizadas na própria cultura humana.
É preciso criar e difundir fórmulas sociais de soluções de conflitos advindos dessas diferenças, para que possa haver homogeneidade de pensamentos e objetivos comunitários.
O Estado deve existir unicamente para arrecadação e distribuição justa de riquezas em essencialidades e garantir o direito à segurança e à vida digna.
Deve estar a serviços de todos e não de castas sociais mais favorecidas.
Enquanto o egoísmo e a individualidade reinarem acima dos objetivos comuns e comunitários, haverá base fértil para a alimentação da cultura da violência, em detrimento de uma melhor qualidade de vida para todos.
Não basta saber quais soluções devam ser adotadas, mas sim devemos ter coragem para adotá-las, já que o ponto de saturação está próximo e os picos de conflitos a todos atingem, sem distinção alguma.
Não há fórmula mágica, mas a correta certamente passa pela conscientização e discussão de causas e soluções.
Combater violência com demonstração de força é igualar-se, na proporção direta da ignorância aplicada.
Mudar exige coragem e inteligência, não força e
intolerância!