PANORAMA DA PROSA BRASILEIRA
CONTEMPORÂNEA - VOL. 1

URHACY FAUSTINO – Nasceu em Cândido Mota, interior de São Paulo e vive em Maricá, Rio de Janeiro. Não se desliga dos trigais maduros, também não respira sem cinema, teatro, livros, museus, shoppings, boliches, danceterias e ruídos. Nem rural, nem urbano. Misto, até no sotaque. Vive com Leila Míccolis (a amada), além dos muitos bichos (paixão dos dois poetas). Formou-se em Artes Cênicas pela Universidade do Rio de Janeiro (Uni-Rio) e também dedica-se às artes plásticas. Livros, em poesia, Os Lírios negros (96), Nus anos 80 (88), Laços e embaraços, com Mário Matos (89), Só se for a 2, com Leila Míccolis (90), Olhos ragados (94); Sonhos e Confiscos (97); em literatura infantil: Bom dia sol, boa noite lua, com Sandra Mara Amaral (89) e O pulo do sapo, com Cláudia Pacce (91). Em romance: Colibri deflora os chats - Sexo, Amizade e Amor pela Internet. Mantém Blocos Online, com Leila.
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 Urhacy Faustino Dualidades

Urhacy FaustinoA erva daninha do planeta azul

Urhacy Faustino Seivas



A ERVA DANINHA DO PLANETA AZUL

Esta semana assisti um programa sobre o “desplanejamento” das grandes cidades, aquilo não é planejamento! O desmatamento e a posse de áreas federais e de como surgiram as favelas com a extinção dos cortiços do centro da cidade. O programa também falava da remoção de três grandes favelas do Rio de Janeiro, para dar lugar a construção da Uerj, por exemplo. Enfim, como colocaram parece que tem solução simples, que basta investir uma grande soma de capital público ou privado que o problema vai acabar. Para mim nada disso funciona. Claro que é importante planejar, claro que é importante amenizar tais problemas, mas não é tão simples assim. Não bastam engenheiros pensando em como deixar a cidade mais bonita. Tem que envolver toda a cidade, toda a população do estado, do país e temos que ter consciência de todos os problemas que o planeta enfrenta.
Volto a bater na mesma tecla: enquanto não se planejar a família, o número de filhos, nenhum problema vai ser resolvido. Hoje, removem-se uma favela, criam-se moradias para estas famílias, mas dentro de uma ou duas décadas os problemas estarão novamente saltando aos olhos, talvez até em proporções maiores. Temos que encarar a nossa população como uma população qualquer de animais dentro de seu ecossistema. Em um rio, se há grande aumento da população de piranhas, por exemplo, todos os outros peixes correm risco de extinção, porque o aumento exagerado desequilibra todo o resto. Então está mais que na hora de pensarmos que nossa população está em exagerado desequilíbrio com todo o nosso planeta. Somos atualmente a erva daninha da terra.
Nossa gigantesca população está invadindo todos os habitats, está depredando a moradia de todos os nossos ancestrais. Parece que temos em mente que o universo é grande o suficiente para nós e que podemos ir ocupando...
Na época das grandes navegações Portugal descobriu nova terra ao atravessar o oceano até então desconhecido. Hoje não tem mais oceano para atravessar e encontrar novas terras. Também não existe outro planeta próximo que tenha as mesmas condições do nosso. Na Lua não há chance de desenvolvimento de vida humana. O que fazer? Invadir Marte e criar estufas humanas? A solução do futuro será vivermos em laboratórios criados com temperatura e ar artificial? Iremos comer comprimidos? Perderemos o prazer de saborear uma boa picanha na brasa? Ou mesmo um aipim cozido com manteiga fresca? Trocaremos o camarão por formigas geneticamente transformadas?
Enfim, dúvidas, incertezas e divagações...

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