Capítulo 3
Conto 03 - Um deus suicida
Oguniê!
Ogum é filho de Iemanjá com Odudua. Desde pequeno que era destemido e viril, tornando-se um guerreiro bravo e conquistador, tomando para si tudo o que desejava, das mulheres ao poder.
Ogum guerreou e conquistou a cidade de Irê, tornando-se seu rei. Expandiu seu território pelas cidades vizinhas e se transformou em senhor absoluto. Nos intervalos das guerras, criou os metais e a forja, se tornando num exímio ferreiro, fabricando, além de lanças e espadas, ferramentas úteis no campo para o plantio.
Um dia saiu a guerrear pelo mundo com seu irmão mais velho, Exu, e coroou o seu filho rei de Irê. Os moradores, em sua homenagem, fizeram voto de silêncio e de jejum que deveria ser aplicado em determinadas ocasiões.
Ogum, em sua sede de guerra, deu a volta ao mundo e nem percebeu que havia retornado ao seu reinado, Irê. Coincidiu ser o dia do voto de fome e de silêncio e Ogum não sabia disso. Faminto, sedento, queria ser servido, porém esbarrou na falta de comida e na mudez dos habitantes. Achando que era um desrespeito a ele, desembainhou a espada e cortou a cabeça de quase metade da população, incendiou as casas e quebrou tudo que encontrou pela frente. No meio da fúria, reconheceu o filho que lhe levava água e comida.
Satisfeito o apetite, o seu filho lhe falou que, em sua honra, ninguém deveria falar naquele dia. Ogum lamentou o acontecido, arrependido, disse que já vivera o bastante. Ato contínuo, cravou a espada no chão e foi tragado pela terra, fazendo um ruído medonho.
Ao abrir picadas na mata, Ogum abriu caminhos para o progresso. Está associado à luta, conquista e tecnologia e, no sincretismo, corresponde a São Jorge e o seu dia é comemorado em 23 de abril.
O dia da semana é terça-feira e os seus filhos devem vestir vermelho, azul e verde.