Capítulo 6
Conto 06 - A Vovó e os Netinhos
Burukê Salubá Nanã!
Nana Burukê, a ancestral dos orixás, é a deidade dos lagos e pântanos, mas não é por isso que alguns dos seus filhos vivem no atoleiro. Às vezes é considerada a mãe, outras vezes, a avó dos orixás. Como acontece na vida real, está sendo relegada a segundo plano e alguns terreiros já a internaram em asilo para velhinhos. Na sua juventude, foi considerada a mãe da Terra, a divindade que tudo sabia e que tudo determinava, mas, com o passar do tempo, arranjaram-lhe outra função, a de guia das almas desencarnadas, mas já há quem pense em destituí-la de tal função pois, devido à idade avançada, não tem mais discernimento na hora de separar o joio do trigo, ou seja, está conduzindo a alma de alguns políticos para a Ala dos Inocentes.
Usa uma vassoura de palha para neutralizar as energias negativas do ar e purificar a atmosfera, e aquele que tem olho gordo não deve passar por perto do seu terreiro, porém os seus filhos, poucos mas tem, devem se manifestar no dia de sábado, usando roxo, branco e azul escuro.
Ibeji omo olorum!
Ibeji oró!
Orixás erês (crianças), portadores da alegria e da pureza, protetores dos irmãos gêmeos e dominadores de tudo que nasce, os Ibejis são divindades gêmeas infantis, muito festejadas no mês de setembro, principalmente por aqueles que tiveram filhos gêmeos. Brincalhões e irreverentes, têm o seu culto próprio, apesar de, em algumas variantes da afro-religião, serem considerados como Xangô e Oxum crianças.
Não há cores preferidas no seu dia, sendo que as mais utilizadas são as cores vermelha, branca, azul e amarela. O seu dia é terça-feira e domingo e a festa anual é em 27 de setembro. No sincretismo católico, corresponde a São Cosme e a São Damião.
Havia dois pequenos príncipes gêmeos que trazia a sorte para as pessoas e resolviam problemas insolúveis, inclusive dor-de-cotovelo e menopausa precoce. Como eram crianças, só aceitavam pagamento em doces, guloseimas, brinquedos ou viagem de férias para a Disney.
Como não poderia deixar de ser, eram muito peraltas e viviam aprontando poucas e boas, apesar dos seus pais serem rígidos na educação. Um dia de aula comum, desviaram-se da escola para tomar banho de cachoeira. Um deles escorregou do alto do penhasco, caiu no rio e morreu afogado, o que levou o rei a decretar luto oficial por três dias. O príncipe sobrevivente não se perdoava pela infeliz idéia de ter convencido o irmão a gazetear a aula para um banho de rio e também queria morrer. Vivia chorando pelos cantos, sem comer nada, e orando a Orumilá para levá-lo também, pois sentia muita saudade do irmão. Sensibilizada, Orumilá resolveu atender ao seu pedido e o levou a passear com o irmão em nuvens de algodão doce, deixando na terra duas imagens de barro, as quais devem ser deixadas oferendas pelos seus devotos.