Nº 12 - 6/2/2007 |
Delicadeza, o Passe da Felicidade
Andava procurando minha própria sombra, deixando que as reminiscências entrassem e me envolvessem. Enquanto isso olhava a vida, observando o mundo ali diante de mim, tão diferente do que todos nós um dia pensamos.
Os “Dias Internacionais” englobando várias conquistas em várias categorias estão sendo comemorados com intensidade e isso tem sido um preito de amor e a certeza que jamais retrocederão os direitos inerentes que conquistamos aos poucos.
A verdade é que hoje, quando a tecnologia devia andar ao lado de sentimentos humanitários, precisamos caminhar reconhecendo o quanto as pessoas em geral necessitam do calor humano que se distancia a cada dia e ostentam amizades superficiais e numerosas para acarinhar o próprio ego. É isso que observamos dentro da internet, onde temos necessidade infinda de mostrar nosso mundo populacional dentro de uma comunidade virtual.
Acho que isso é muito importante, todas as formas de aquecimento humano contribuem enormemente para uma vida feliz. Mas a verdade é que acontece somente quando cada um de nós demonstra seus dons e predicados, nas horas de elogios mútuos e satisfações de vaidades.
E a delicadeza, o cuidado específico com o outro que acredito, não faltava no tempo de nossos ascendentes? Aquela preocupação que independe de qualquer fator senão ver o outro feliz e controlar as palavras para que não saiam duras nem ásperas?
Além disso, delicadeza não é apenas seguir as regras da civilidade, porém a preocupação, o carinho que vai além da linguagem, a doação da alma, a riqueza de sentimentos que se inicia com o olhar e se perpetua em palavras e ações.
Observando, vemos pais e filhos que não são capazes de manter um diálogo com amor. Vivem tão perto que não há mais necessidade de demonstrarem o afeto diário, controlando uma palavra que machuca ou subtraindo uma frase que poderia ser ferina num momento da vida do seu próximo.
Aí talvez esqueçamos a finitude da existência e olvidemos que tudo passa muito depressa e independente de nossa vontade ou raciocínio.
Delicadeza é o se dar começando na família, continuando entre amigos e até nas relações profissionais, com um retorno de aquecimento interior maravilhoso. O que custa um sorriso quando a caminhada a cada passo reduz a estrada e a futura convivência com as pessoas que amamos ou admiramos se torna cada vez mais curta?
Nunca esquecerei alguém muito especial, mas incontrolavelmente impulsivo que pouco antes de morrer e já nos últimos suspiros dizia com dificuldade o quanto mudaria seu proceder na exteriorização de seus sentimentos se pudesse voltar atrás.
Delicadeza é o gesto suave, mas incisivo, a expressão doce e ao mesmo tempo enérgica, a resposta a uma pergunta importante, o reconhecimento para alguém que nos ama. Delicadeza é a generosidade espontânea e simples sem cobranças e a suavidade que hoje se mantém tão distante, como se fosse vergonhoso sentir ternura e deixar que as lágrimas desçam em certas ocasiões.
Delicadeza é esquecer uma palavra áspera e raciocinar que a mágoa só reverterá para nós mesmos porque provavelmente quem foi rude já esqueceu seu gesto, são portadoras de egoísmo ou gritante individualismo e não têm consciência do que praticaram.
O “Dias Internacionais já são uma evidência e teremos que aprender que o Dia Internacional do ser humano deve ser comemorado diariamente e que engloba datas dedicadas à prática da humanidade. Delicadeza, cuidado com o outro, reconhecimento, amor convivência mesmo longe das comunidades virtuais ou em reuniões sociais e em cada instante de nossas vidas será sempre conforto para nosso coração e enriquecimento de uma estrada finita sim, porém bela, cercada da natureza pujante e vivida intensamente. Não, não é pieguice, isso significa poder curtir a vida e ser feliz que é a condição mais consistente para permanecermos vibrantes aqui nesse planeta.
E certamente deverei aplicar toda essa reflexão partindo de mim mesma e procurando um atalho para que o caminho seja mais rapidamente encontrado.
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