"DIVERSOS CAMINHOS EM BLOCOS", POR ZANOTO
Jornalista famoso do Correio do Sul (Varginha/MG), desde 1950 mantém a coluna lítero-poética "Diversos Caminhos" naquele jornal.
Manteve coluna em Blocos Online de janeiro de 1998 a dezembro de 1999, e agora retorna à Internet, novamente através de nosso site.
C. Postal, 107 - 37002-970 Varginha/MG
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Coluna de 15/9
(próxima: 15/10)
1. Despertou cedo, depois de um pesadelo. “Ah o tempo em que, andando pelas ruas, depois das chuvaradas imprevistas, os sapos me seguiam ao lado, carregando escrófulas e feiúra.” Ascendino Leite
2. “Sou um velho caçador / Que na estrada perdeu / As canções de amor, / Que trocou por nada / Um bocado de dor”... Eduardo Waack
3. Aricy Curvello viveu, nos anos de 1975 e 1976 no noroeste do Pará, no meio da floresta, a serviço de uma empresa mineradora de bauxita, que é o minério do alumínio, do Grupo Cia. Vale do Rio Doce. Nessa região, nesse ambiente amazônico, Aricy teve a grande inspiração para escrever seu conhecidíssimo, publicado e republicado, discutido, poema ACAMPAMENTO, que está no seu excelente livro MAIS QUE OS NOMES DO NADA: “Porto Trombetas nada mais era que um acampamento, no noroeste do Pará. Em minhas caminhadas nas horas livres – porque andar sempre me auxiliou a escrever mentalmente meus poemas – observei que na vala das enxurradas havia fragmentos de cerâmica (pareciam antigos) entre o Rio Trombetas e as bordas da floresta.”, disse Aricy Curvello.
4. Soneto Prodigioso
Talvez o maior mérito de Homero
é ter feito o que fez sem ter visão.
Se Milton, Camões, Borges, Lampião
fizeram, vou fazer também espero.
Zarolho ou cego, não quero ser mero
passivo espectador da ocasião.
Verei o que videntes não verão;
Se sábios não souberam, eu supero.
Beethoven era surdo, e foi maior.
O grande escultor nosso era sem mãos.
Perder não é dos males o menor.
Abaixo estou de todos meus irmãos.
Que o mais pecaminoso sou pior.
Meu trunfo é só não ter dois olhos sãos.
Glauco Mattoso
5. Sílvio Romero comenta, no Prefácio do livro de Albino Esteves: “JUIZ DE FORA, esta encantadora grande-pequena cidade, grande pela bondade de seus habitantes, pelo constante progredir de suas indústrias e de sua vida literária, pequena ainda na sua extensão material, no bracejamento de suas ruas na conquista do solo.”
6. Conheci Diversos Caminhos por intermédio de uma amiga. Gostei demais. É um trabalho realmente de muito valor, de muito empenho, de nível excelente. Minha amiga diz que conhece o jornal Correio do Sul, onde Diversos Caminhos é publicado, desde 1987. É raro encontrar um trabalho literário e poético igual ao seu no Brasil. Parabéns, Eunice Antunes Dias – Maringá/PR.
7.“O que cresceu da terra e o que se originou de um germe celestial retornará ao céu.” Eurípedes
8. Escrever sobre literatura, coisas simples, natureza, o vôo dos pássaros e outros prazeres pequenos, divulgar poesia, um imenso estimulante para mim, uma das principais razões da minha vida. Eu já disse isso para o Mariano, Sebastião, Lélia, Edson, Naylor e Fernando. Há muitos anos, em carta para Leila Míccolis, afirmei essa disposição de vida. Também já falei isso para o poeta Cícero Acaiba. O Hugo Pontes, em Poços de Caldas; Cláudio Feldman, em Santo André, têm conhecimento disso. O importante é que, até hoje, não me sinto, exaurido, em razão desse delicioso prazer. Dalila Teles Veras (Santo André) pode reforçar o que acabo de confessar.
9. CONTRABAIXO
O amor jazz
nos acordes
da corda lá.
Márcia Maia, pernambucana, poeta, médica pediatra. Participa do Movimento Internacional POETRIX.
10.“(...) Entenda, Paula: estou cansado, estou muito cansado, Paula, estou muito, mas muito, cansado, Paula. (Teu baby-doll, teus chinelos, tua escova de dentes, e outros apetrechos da tua toalete, deixei tudo numa sacola lá embaixo, é só mandar alguém pegar na portaria com o zelador.” Raduan Nassar
11. Paisagem
Para Flávio Chaves e Glória
Nada é nunca mais
no retorno ao tempo das sementes
com o recomeço do humano ofício
no percurso universal do nascimento
ao sepulcro
da alma acessa de Deus
ou do avesso de Deus no exílio
do corpo
Desconheço
a primavera e a estação do outono
Apenas o verão e o inverno sucessivos
alimentam-me o sono
à fronde
entre ninhos de pássaros selvagens
dos imigrantes da água
desde o abismo do olho da paisagem
Tereza Tenório
12.“Procurar palavras em livros / Para compor poemas? / Não!” (Maria Enid Mussolini). Rodolfo Serkin, de vez em quando, em exercícios de linguagem, busca palavras nos livros, para usá-las em frases, textos e poemas que ousa escrever. Ontem, por exemplo, catou a palavra “férteis” e imaginou vários modos de aplicá-la. “Férteis são as campinas”. As idéias daquele intelectual são férteis. Por sua vez, disse Maria Enid Mussolini: “Quero / Palavras que brotem do meu coração: / Metáforas ousadas / Frases quebradas / Sofismas, talvez. // Tudo colorido / Colorido e lindo / Como um Sol surgindo / Dos verbos vivos / Nascidos de mim.”
Arquivo de crônicas anteriores:
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