Nº 13 - 6/3/2007 |
Vou andando...
Hoje pela primeira vez em muitos e muitos anos tenho uma folga para escrever aleatoriamente. Meu site está fora do ar e embora tendo muito trabalho a fazer, sou obrigada a deixá-lo para mais tarde.
E li quase a manhã inteira, o que adoro fazer, como se ali pudesse encontrar a explicação para muitas e inexplicáveis dúvidas.
Agora o que realmente preciso depois de uma semana de muito trabalho é olhar simplesmente para o horizonte da capital e procurar entender porque estou me distanciando de mim mesma. Talvez deva trabalhar nesse livro que estou escrevendo longe, muito longe, desligar o meu e-mail, desconectar-me, para que possa compreender em sua essência o que transmito e as reações das pessoas começando por mim mesma. Às vezes sinto que minhas atividades se perdem num vazio. O que sempre chamei de ideal não será utopia? É o que reflito nesse momento, depois da alegria de ter realizado no ano de 2006 tantos projetos de fundamental importância para mim.
Acho que nada é importante. Nem meu trabalho de divulgação de talentosos escritores, nem a dedicação e carinho com que empreendo esse sonho, nem mesmo a ternura de ansiar cada vez mais por um mundo igual, humano e menos perverso.
Devo me afastar? Caminhar por outras alamedas, procurar outras formas de ajudar a essa humanidade carente cuja única certeza é a finitude e o limite que se encerra num dia que não sabemos?
Devo compreender que jamais conseguirei realizar esse sonho? E então me conscientizar dessa verdade sem traumas ou amarguras?
Vou... Pensando, conjeturando em minhas próprias atividades, procurando conclusões que no momento não consigo tirar e sentindo-me vazia e impotente como em tantos momentos dessa estrada pedregulhosa.
Vou... Sem ao menos entender a mim mesma, desejando ouvir o som de uma verdade que ainda não se fez objetiva e perguntando-me se estarei errada em tanta coisa que empreendi.
Vou... E as alegrias se misturam às dúvidas, mas prossigo até o momento que a certeza me sussurrar a palavra certa e sugerir a conclusão que dará sentido real à minha caminhada.
Estou confusa, parei nesse instante sem saber a direção que tomo, indecisa, titubeante, mas em paz com minha consciência que seguiu até agora intuições e sonhos e procurou entender um planeta descompassado, lindo, contrastante onde habitamos e chegamos independente de nossa vontade.
Vou... E já nem sei o que é mais concreto, a minha vontade de acertar ou a incerteza de que estou fazendo o melhor, já não sei...
Lá longe o horizonte, a fé que depositei na vida, o trabalho intenso e maravilhoso, o fascínio de lutar e vencer. Mesmo assim já não sei o que realmente é o mais verossímil.
E continuo caminhando, absorvendo a verdade e procurando não desistir apesar das decepções e do abismo, revivendo das cinzas de minha própria alma que por vezes se obscurece, mas revive na luz estonteante das estrelas.
Por vezes não enxergo, mas acelero o passo.
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