Mito em contexto - Coluna 08
(Próxima: 5/9)
A esfinge é um enigma
Na mitologia grega há heróis, deuses e monstros. As sereias eram m onstros marinhos. Cérbero era um cão de três cabeças, guardião do Inferno. A Medusa tinha cabelos de serpentes. A Esfinge era um monstro normalmente representado com cabeça de mulher, corpo de leão e asas de águia, mas vários povos usaram sua representação de formas diferentes.
Esfinge de Naxos - Estátua de mármore do santuário de Apolo em Delfos. Da coluna original de 10m, resta o capitel jônico. Museu Arqueológico de Delfos. Autora da fotografia: Solange Firmino |
As histórias que conhecemos sobre a esfinge vêm principalmente do Egito e da Grécia. As esfinges mais famosas foram a de Tebas, na Grécia, e a de Gizé, no Egito. A esfinge egípcia raramente era representada com asas e era masculina; enquanto a grega tinha asas e era feminina. O corpo de leão da esfinge simboliza a força e a capacidade de guardar as entradas dos templos ou necrópoles em que ficavam; a cabeça humana representa a inteligência.
No século V a.C., o dramaturgo grego Sófocles escreveu a trilogia tebana, que começa com a tragédia do personagem que encontrou uma esfinge: Édipo, filho de Laio, rei de Tebas. Quando Édipo nasceu, o oráculo previu que ele mataria o pai e casaria com a mãe. Os pais, com medo da profecia, mandaram um criado matá-lo, mas ele não o fez. Édipo cresceu com camponeses longe de Tebas.
Quando estava adulto, Édipo soube da profecia e, atormentado, fugiu de casa, ignorando que não morava com seus pais legítimos. Na estrada, encontrou Laio e seus seguidores e, após uma briga, Édipo matou Laio. A profecia se cumpriu, mas Édipo ainda não sabia e continuou sua fuga para Tebas.
Na época, Tebas era dominada por uma Esfinge enviada pela deusa Hera para punir Laio pelo rapto de Crisipo. A esfinge que devorava quem não decifrasse seu enigma: “Qual o animal que anda com quatro patas ao amanhecer, duas ao meio-dia e três ao entardecer?” . Édipo respondeu que era o homem, por engatinhar com os quatro membros quando bebê, andar ereto sobre as duas pernas quando adulto, e se apoiar na bengala quando idoso.
Resolvido o enigma, a indignada Esfinge, vencida pela astúcia, jogou-se no precipício e morreu. Édipo tornou-se herói de Tebas e casou com a rainha Jocasta sem saber que era sua mãe. Quando descobriram tudo, Jocasta suicidou-se e Édipo arrancou os próprios olhos, depois partiu de Tebas guiado pela filha Antígona.
Édipo decifrou o enigma da esfinge, mas até hoje não deciframos a esfinge. Enquanto a esfinge tebana importunava os viajantes, a Esfinge de Gizé, gigante, silenciosa e desgastada pelo tempo nas areias do Egito, não incomoda ninguém. Parece esperar que seu mistério seja desvendado, desde sua idade até seu significado. Uns dizem que sua idade ultrapassa 12.000 anos, outros afirmam que tem aproximadamente 4.500 anos.
A Esfinge de Gizé já foi enterrada e desenterrada várias vezes nas areias do deserto, assim como seu mistério foi várias vezes tomado como desvendado. Seu símbolo é considerado um mistério iniciático em várias religiões, como se fosse um templo onde está guardada a chave para a evolução do ser humano e o conhecimento sobre quem somos, de onde viemos e para onde vamos.
Se a Esfinge é um grande hieróglifo, um marco astronômico, um túmulo, ou se veio da Atlântida, não sabemos ainda, mas é uma enigmática relíquia de outro tempo (será de outro mundo?), de uma cultura bem diferente da nossa.
Enquanto arqueólogos e sacerdotes desvendam seus segredos, seguimos lendo os mitos, admirando as suas representações, cantando canções e fazendo poemas sobre o tema.
Esfinge
Decifra meu enigma
e toda a verdade,
toda a essência
Por trás do verso.
Segue pela trilha do meu corpo
e revela a paisagem escondida.
Repousa sem tédio no meu abraço.
Implora pelo princípio e fim
de cada ato.
Descobre o segredo que habita
onde me esquivo,
onde a pergunta é só disfarce,
reverso.
Se me escondo,
é para devorar melhor.
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