Nº 15 - 6/4/2007 |
Não... Silêncio não...
Esse silêncio me dilacera. Dá-me a sensação de vácuo e de que falo uma língua à parte, completamente desconhecida e ineficaz. Até eu mesma estou silenciosa, longe, sem compreender dores ou sofrimentos.
É um mundo calado e reservado, porque todos nós só pensamos em nós próprios. Vamos acordar ouvir, sentir, amar, antes que o momento passe na sua desesperada escalada e não dê mais tempo. Vamos olhar o nosso irmão ao lado. Ouvir seus soluços ou sorrisos integrar-nos em seus sentimentos, deixar que ele fale e aí sim silenciar na expectativa de suas palavras.
Esse silêncio impera nos momentos que mais precisamos das palavras, dos sons, da vida, da presença, da certeza que existe um planeta povoado.
Precisamos tomar consciência de outras pessoas, que podem estar sofrendo, passando por momentos difíceis, até mesmo alegres com sucessos que devem ser comemorados e precisamos sofrer ou festejar com eles. E que não são os acontecimentos de nossa vida os mais importantes.
Ah silêncio, silêncio, de palavras não ditas, de interesses não manifestados, de gritos que não ecoam.
Silêncio que parece algo a machucar os corações a essa altura do progresso, nesse momento de fatos contundentes que desfilam pela mídia e ouvimos como se tivéssemos assistindo a um filme de suspense.
Não suporto mais tomar consciência desse silêncio, dessa distância que se impõe ou ouvir palavras secas e formais, quero experimentar a vida, o calor, a esperança, o olhar de compreensão.
Preciso quebrar o silêncio e porque não começar de mim mesma?
Não importa que não me ouçam, não importa, mas preciso com urgência ouvi-los...
Todos nós estamos calados egoisticamente e existe alguém ao nosso lado.
Preciso acordar e dizer a esse companheiro. “Estou aqui” Desejo que ele compreenda que meu silêncio vai se quebrar, minha voz cintilar e minhas mãos se estenderem. Não quero mais sentir esse silêncio que ecoa até em minha alma. Não quero... Silêncio não...
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